Indústria naval deve gerar oito mil empregos neste ano

23/02/2005 - 14h11

Rosamélia de Abreu
Repórter da Voz do Brasil

Brasília - A indústria naval brasileira vai gerar neste ano oito mil postos de trabalho com a construção de dois estaleiros, um no Rio Grande do Sul e outro em Pernambuco. Os projetos foram aprovados pelo Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante, formado por representantes do governo e do setor naval. O custo total dos dois projetos é de US$ 300 milhões.

Depois de prontos, os novos estaleiros vão participar de uma licitação pública da Petrobras para construção de 42 petroleiros, 22 neste ano e 20 em 2006. Nessa etapa, serão criados cerca de dois mil empregos. O Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante aprovou também a construção de 24 balsas graneleiras, para transporte de soja, com custo total de US$ 23,6 milhões.

De acordo com o secretário de Fomento para Ações de Transporte do Ministério dos Transportes, Sérgio Bacci, o objetivo do governo é fortalecer a indústria naval brasileira. Segundo o secretário, com a construção dos navios, o Brasil vai economizar cerca de US$ 8 bilhões, que são gastos atualmente com o aluguel de cargueiros.

Bacci informou que 25% da produção nacional eram transportados por navios brasileiros na década de 70. Hoje, esse percentual é de apenas 2%. Na opinião do secretário, existe mercado lá fora para os navios brasileiros, uma vez que países como Coréia, Japão e China já estão com capacidade de construção esgotada até 2010 e não podem fazer novos contratos.

"Primeiro, queremos incentivar os empresários brasileiros que operam na navegação a construir navios. Depois, queremos pegar esse mercado internacional, buscar essa demanda, já que os maiores produtores do mundo estão com a capacidade de construção esgotada até 2010", disse o secretário. Segundo ele, os preços brasileiros ainda são mais altos que os da Coréia porque a tecnologia nacional está um pouco defasada: "Nosso preço é entre 10% e 15% mais alto. Se tivermos uma demanda grande, nossos estaleiros vão se capitalizar e poderão investir em tecnologia e reduzir o custo."

Bacci destacou a necessidade de serem mantidos os investimentos na indústria naval "para que o país não volte aos números de 1998, quando apenas 500 pessoas trabalhavam no setor, o que significa só um segurança trabalhando no estaleiro". Quando o presidente Lula assumiu o governo, o setor naval brasileiro empregava 12 mil trabalhadores. Com os investimentos, esse número subiu para 30 mil. De acordo com Bacci, isso mostra o interesse do governo em investir no setor.

O secretário informou que, de 1994 a 2002, o Fundo da Marinha Mercante financiou projetos da indústria naval no valor de R$ 1 bilhão e que, só nos dois primeiros anos do atual governo, os investimentos atingiram R$ 1,30 bilhão. Para este ano, a previsão é liberar R$ 1 bilhão para o setor naval, que, de acordo com o secretário, "estava esquecido". Atualmente, estão sendo construídas no Brasil 68 embarcações e a meta do governo é aumentar esse número para 120.

Na década de 70, o Brasil era o segundo maior construtor de navios do mundo, perdendo apenas para o Japão. Segundo Sérgio Bacci, a meta do Ministério dos Transportes é fazer com que o país, que hoje ocupa a nona colocação no ranking, passe para o quarto lugar.