São Paulo, 23/2/2005 (Agência Brasil - ABr) - Na esteira do crescimento previsto para a maioria dos segmentos produtivos do país, a indústria de embalagens estima alcançar este ano um faturamento de R$ 33 bilhões, com um crescimento de R$ 4,4 bilhões sobre o total do ano passado. A expectativa é de que a produção cresça de 2,26% (2004) para 2,9%.
Em 2004, as empresas do setor enfrentaram uma queda de 4% na produção, durante o primeiro semestre, mas houve uma reversão de quadro no segundo semestre e crescimento chegou a 7,65%. Com a média do ano considerada bastante positiva pelo setor, "a indústria respira com certo alívio depois de amargar 18 meses consecutivos de queda", assinalou o presidente da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), Fábio Mestriner.
Enquanto 2004 "foi o ano da recuperação", segundo Mestriner, 2005 já é visto pelo setor como "o verdadeiro ano de crescimento". O grande desafio dos fabricantes é a acomodação dos preços que, segundo ele, são fortemente afetados pelas cotações internacionais das matérias-primas. A alta no preço do petróleo, por exemplo, provoca elevação no de resinas e o aumento das compras de aço por parte da China pressiona o valor do produto.
Mertimer também destacou que a qualidade dos produtos brasileiros vem ganhando mercados fora do país. Em 2004, as exportações cresceram 6,7% – de US$ 273 milhões para US$ 292 milhões – e além de equiparar-se em tecnologia ao padrão internacional, o setor passou a agregar valor à sua mercadoria.
Ao apresentar os dados econômicos do setor, o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas, Salomão Quadros, informou que dois fatores foram essenciais para o balanço positivo de 2004: crescimento do crédito a pessoas físicas em 28,9%, contra 15,6% em 2003, e a redução do desemprego, de 12,3% para 11,5%.
No início do ano passado, avaliou, a indústria ainda estava muito ancorada no mercado externo e, no segundo semestre, foi beneficiada pelo aumento das vendas no mercado interno. "Em curto prazo, não deverá haver mudança nesse cenário", analisa. Sobre o aumento nos preços de matérias-primas, Quadros informou que ferro, aço e derivados subiram em torno de 57,66%, devido ao maior volume de compras da China. Para o economista, mesmo que haja um novo impacto de preços de matérias-primas envolvendo o aço, não deverá ocorrer repasse para o preço final dos produtos, porque as correções já atingiram um patamar elevado: em 2004, o aço aumentou 60% e o minério de ferro, 25%.