Paula Menna Barreto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Chega a 250 o número de crianças indígenas desnutridas em Dourados (MS), segundo a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O percentual de desnutrição dos Guarani-Kaiowá, de 12%, é considerado muito alto pelo órgão e explica a terceira morte do ano por desnutrição, ocorrida no último sábado: o bebê, de sete meses, é o segundo filho da mesma família a morrer de fome na região.
Para o chamado "capitão" da aldeia Bororó, Luciano Arevalo, a falta de condições para plantar é o maior problema. Por isso, a comunidade indígena não tem o que comer. "Nós temos que tirar a subsistência da terra, produzir alimento. Não tendo comida, dependemos da cesta básica que vem e é uma vergonha falar isso porque a terra que temos é boa", argumenta.
Uma série de ações de saúde vai socorrer a população indígena da região. A intenção principal da Funasa é intensificar as iniciativas de combate à desnutrição das crianças. O programa de vigilância nutricional para gestantes e crianças indígenas, por exemplo, será ampliado e dois nutricionistas vão ser contratados imediatamente. Outra medida tomada pela Funasa foi a transferência, por tempo indeterminado, da chefia do Distrito Sanitário Especial Indígena, que agora passa a funcionar em Dourados.
Segundo Valdi Camarcio, presidente da Funasa, todas as ações estão sendo feitas em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Prefeitura da cidade, para acabar com o problema da desnutrição nas aldeias: "A Funasa está a frente da reabilitação nutricional: temos um centro de recuperação e fazemos um acompanhamento semanal, mas tudo está sendo feito em conjunto".
Até agora, o Ministério já havia distribuído 351 cestas alimentares e hoje mais 187 foram entregues, totalizando 528 cestas. Somam 12.900 kg de alimentos para as 528 famílias indígenas, segundo o Ministério. Além disso, 515 famílias passarão a receber o benefício do Bolsa Família este mês.
Para diminuir a resistência das famílias quando precisam internar os filhos no Centro de Reabilitação Nutricional de Dourados, a Funasa mandou hoje técnicos de Educação em Saúde que vão fazer oficinas de mobilização social e educação em saúde com a comunidade indígena local. Assim, espera-se que não haja atraso para a internação das crianças que necessitam de cuidados mais específicos.