Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Sete promotores e técnicos em perícia do Ministério Público estadual (MP) realizaram nesta quinta-feira (17) uma inspeção no Condomínio Sonho Real, no Parque Oeste Industrial, na periferia de Goiânia, e não encontraram indícios da existência de outros corpos enterrados, conforme denunciaram os moradores. Entretanto, o promotor de Justiça da área de Defesa do Cidadão do MP, Márcio Lopes Toledo, ainda não descarta essa possibilidade. Na quarta-feira cerca de três mil famílias foram retiradas do terreno que ocupavam desde 2004. Durante a operação da Polícia Militar, duas pessoas foram mortas e 24 ficaram feridas.
"Não podemos descartar a existência de novos corpos por completo. No entanto, podemos dizer, com absoluta segurança, que todos os locais possíveis de serem verificados e onde havia alguma dúvida foram verificados. Não podemos descartar isso em absoluto porque pode, eventualmente, ocorrer alguma ocultação que não seja do nosso conhecimento", disse. Com uma retroescavadeira, foram feitas escavações até às 22h dessa quinta-feira em pontos indicados por testemunhas. "Felizmente, nada foi encontrado".
Para o promotor, as notícias de outras mortes podem não passar de especulações. "Existe muita especulação, as pessoas parecem estar muito consternadas com a situação e, às vezes, surgem conversas que não têm fundo de verdade. Isso ficou claro ontem porque as informações que nos foram passadas não foram verdadeiras".
O Ministério Público estadual decidiu investigar todo o procedimento de reintegração de posse, realizado por dois mil homens da Polícia Militar. O promotor não descarta também a possibilidade de o cenário da desocupação ter sido modificado. "Mas, pelo que verificamos, não havia vestígios que pudessem levar a esta conclusão", destacou.
Cinco promotores conduzem um inquérito civil público instaurado para apurar a retirada dos sem-teto. Também investigam o envolvimento de políticos ou agentes públicos no processo de ocupação da área e acompanham o destino das pessoas que moravam no local. "Além disso, como o governo vai se comportar agora porque pessoas estão sem teto, sem abrigo e não têm para onde ir", disse.