Ambientalistas protestam diante do consulado dos EUA em São Paulo

16/02/2005 - 15h22

Flávia Albuquerque
Da Agência Brasil

São Paulo - Representantes de movimentos sociais, sindicalistas e ambientalistas manifestaram-se diante do Consulado Geral dos Estados Unidos, comemorando a entrada em vigor do Tratado de Quioto e protestando porque esse país não aderiu ao acordo. Eles entregaram uma carta endereçada ao presidente George W. Bush. E de um carro de som simulando a arca de Noé, manifestantes do Greenpeace arremessaram uma bóia com a inscrição Kyoto Protocol, que um ator, representando Bush, se recusava a pegar.

O protocolo de Quioto nasceu da Convenção Sobre as Mudanças Climáticas, assinada durante a Eco-92, reunião realizada no Rio de Janeiro. A meta é diminuir as emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Segundo Rubens Born, diretor do Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz Vitae Civilis, que organizou a manifestação, as entidades lamentam a ausência dos Estados Unidos no protocolo, porque o país é responsável por 25% da emissão dos gases. "Queremos lembrar que tanto os países ricos quanto aqueles em desenvolvimento têm que começar a proteger o clima da Terra, implementando programas de energia renovável, diminuindo o desmatamento. Ou seja, há responsabilidades comuns".

Para os ambientalistas o Protocolo de Quioto é o primeiro e modesto passo com o objetivo de reverter os prejuízos climáticos, mas é a única medida existente e já conseguiu reunir 140 nações. A meta global para a redução dos gases é de 5%, embora os cientistas, segundo Born, recomendem corte de 60%. "Essa meta estabelecida já está comprometida pela recusa dos Estados Unidos em aderir ao protocolo. Isto é imoral e injusto com os outros países que terão que adaptar sua economia e sistema de transporte, entre outros. Os Estados Unidos se beneficiarão sem fazer nada", afirmou Born.

O ônus será transferido para as gerações futuras, de acordo com o organizador da manifestação. "Quanto mais os Estados Unidos se atrasarem, mais o mundo continuará se aquecendo. Em algum momento, quando os outros países também tiverem metas obrigatórias de redução de gases do efeito estufa, vão ter ônus maior, porque os Estados Unidos não aderiram agora". Born disse acreditar que tanto a pressão externa quanto a da sociedade americana podem influenciar na adesão do país ao protocolo, já que a recusa é específica do governo Bush. "Governos de cidades, estados, uma série de empresas e organizações não-governamentais dos Estados Unidos querem que o país entre. Nós achamos que dependerá de uma maior mobilização doméstica naquele país", afirmou.