Presidente do BC diz que recuperação econômica é vigorosa e consistente

30/11/2004 - 15h21

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Todos os indicadores da economia hoje são de "crescimento vigoroso e consistente" do país, o que demonstra que "estamos em um ciclo virtuoso de recuperação da capacidade produtiva". A afirmação é do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao participar, hoje, de audiência pública para parlamentares das cinco comissões temáticas do Congresso Nacional sobre economia.

Meirelles ressaltou os números recordes do saldo da balança comercial, do superávit de conta corrente externa, redução dos níveis de dolarização da dívida, criação de 1,796 milhão de empregos, crescimento da massa salarial, aumento da produção interna e do Produto Interno Bruto (PIB), dentre outros "aspectos saudáveis" da administração pública federal.

Ele lembrou, contudo, que "muito ainda resta por fazer", notadamente nas áreas de educação e saúde. Mas, em função da falta de poupança interna, reafirmou a necessidade de governo e sociedade darem-se as mãos para viabilizar investimentos em infra-estrutura e melhorar as condições de estabilidade da retomada do crescimento, que está em marcha desde meados de 2003, segundo ele.

Meirelles comemorou a revisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o comportamento do PIB no ano passado, constatando que ao invés do decréscimo de 0,2% anteriormente anunciado, os números consolidados e anunciados hoje apontam para crescimento de 0,5% do PIB em 2003. Índice "muito baixo", conforme reconheceu, mas merecedor de comemoração, considerando-se que o país se recuperou rapidamente da crise iniciada no segundo semestre de 2002.

O presidente do BC destacou o fato de a produção industrial estar crescendo com segurança, de modo a "podermos comemorar hoje" uma taxa anualizada de 5,3% do PIB, de janeiro a setembro deste ano - o maior crescimento desde 1996. O próprio mercado já acredita em aumento próximo a 5% neste ano, adiantou.

O resultado imediato disso, acrescentou, é que a equivalência entre dívida líquida do setor público em relação ao PIB diminui, com vantagens para a credibilidade do país lá fora e mais entrada de investimentos estrangeiros diretos. Lembrou, como exemplo, que a relação dívida/PIB, que chegou a 61,6% em setembro de 2002, desceu para 58,7% em dezembro de 2003 e hoje está em 53,7%. Uma queda consistente, segundo Meirelles, em razão do crescimento do PIB e dos sucessivos superávits primários do setor público.

Durante exposiçãoo de 55 minutos e posterior sabatina por deputados e senadores, permeada de elogios à condução das políticas monetária, creditícia e cambial, Henrique Meirelles disse que todas as operações de receita e despesa do BC deixaram lucro líquido de R$ 2,795 bilhões no primeiro semestre do ano, sendo que a quase totalidade foi transferida para o Tesouro Nacional.

Ele lembrou também que o risco-Brasil caiu ao nível mais baixo, em torno de 450 pontos, e que a inflação está dentro da trajetória de metas fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, que é de 5,5%, com flexibilização de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Poderia ser, portanto, de até 8%; mas, de acordo com expectativas do mercado financeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano em torno de 7,25%.

A sessão conjunta das comissões temáticas de economia das duas casas do Congresso começou às 10h20, dirigida pelo deputado Paulo Bernardo (PT-PR), com apenas cinco parlamentares em plenário, enquanto o presidente do BC se fazia acompanhar pelo diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua, e uma dezena de técnicos. O auditório encheu, porém, aos poucos, de modo a que os debates foram conduzidos até às 14h30, quando Meirelles saiu sem dar entrevista.