Caio d'Arcanchy
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governo estuda uma forma de liquidar a Varig extra-judicialmente e criar outra empresa, com o mesmo nome, mantendo as mesmas rotas de vôo, segundo o plano apresentado hoje pelo vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, a representantes da Força Sindical ligados ao setor aéreo, com o objetivo de sanar a crise econômica das empresas de aviação do país.
Segundo os sindicalistas que participaram da reunião, pela proposta a Varig seria dividida em duas: uma parte englobando os ativos e outra as dívidas. Além disso, os investidores interessados receberiam financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de cerca de US$ 1 bilhão, dos quais cerca de 300 milhões a 400 milhões de dólares seriam destinados à demissão dos 11,5 mil funcionários da empresa.
"A priori, nós somos contrários. O BNDES vai financiar demissões e o passivo dos trabalhadores morre?", questionou o presidente do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo, Uébio José da Silva, acrescentando que os trabalhadores correm o risco de não receber o dinheiro.
Pela proposta, a nova Varig incorporaria como passivos apenas as passagens vendidas, o programa Smilles e o Aeros (fundo de pensão fechado dos funcionários). Os 11.500 funcionários demitidos seriam recontratados em seguida. Mas os sindicalistas dizem que não está claro em que circunstâncias e se a totalidade deles realmente teria de volta o emprego.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, disse que o custo das rescisões contratuais dos 11.500 funcionários (de US$ 300 a 400 milhões, ou R$ 1 bilhão), é muito alto. Segundo ela o governo deveria adotar outra estratégia, destinando recursos de empréstimo para manter a atual empresa e não para pagar encargos de demissões.
"O valor é tão alto que seria o suficiente para fazer um "empréstimo-ponte" para a Varig, para criar um novo ambiente com marco regulatório, para votar a agencia nacional de aviação civil e implementar as resoluções da Conac (Conselho de Aviação Civil). Salvaria o setor como um todo mantendo todas as empresas voando sem criar um monopólio", disse Graziela Baggio..
Antes de receber os sindicalistas, José Alencar esteve com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), para apresentar o mesmo projeto. O governador defendeu a manutenção das linhas domésticas e das linhas internacionais.
A Varig hoje é a empresa brasileira que detém a maior parte das linhas aéreas internacionais. Uma possível falência da empresa geraria um caos no setor aéreo do país, já que dificilmente outra empresa brasileira recuperaria, de imediato, as linhas perdidas. A maioria dos aeroportos internacionais opera no limite e há uma disputa entre as companhias por espaço. A fila de espera das companhias para conseguir horários de vôos pode se arrastar por meses.