MP do Banco Central e Orçamento impedem votação da reforma política na CCJ

30/11/2004 - 17h44

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Medida Provisória que concede status de ministro ao presidente do Banco Central e as negociações de emendas ao Orçamento Geral da União impediram hoje a votação da reforma política na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, quando parlamentares do PTB, PL e PP ameaçaram não votar a Medida em plenário, caso a reforma política fosse apreciada na Comissão.

Os membros da CCJ passaram mais de um hora discutindo o impasse, até que os aliados garantiram não haver barganha para a votação da MP. Como a pauta da Comissão também incluía a discussão das emendas ao Orçamento, a votação acabou adiada para amanhã.

O presidente da CCJ, deputado Mauricio Rands (PT-PE), negou a existência de qualquer pressão para o adiamento da votação da reforma. "Nós íamos votar a matéria, mas as discussões da reforma ainda precisam ser amadurecidas na Comissão", disse Rands.

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) acusou o governo federal de estar oferecendo ao PTB, PL e PP uma "moeda de troca" ao adiar a votação da MP: "Na semana que vem, teremos outras matérias de interesse do governo para votação em plenário. Teremos outra moeda de troca? Se não votarmos a reforma hoje, é porque o governo está barganhando".

O líder do governo na Câmara, Professsor Luizinho (PT-SP), negou a existência de qualquer acordo com os partidos aliados para que a votação da reforma fosse adiada. "A questão da reforma política é emblemática e traz divergências em todos os partidos. Não há unidade em nenhuma legenda com relação a essa reforma. Os líderes da base apenas solicitaram um tempo maior para o debate sobre os vários pontos em que há divergência", afirmou.

O deputado Mauricio Rands evitou arriscar uma data para que a votação da reforma política na Comissão seja concluída. "Eu não tenho o dom da premonição. Ninguém nunca achou essa matéria fácil. Temos que ter paciência para ir vencendo as resistências. O objetivo não é votar hoje ou amanhã, mas aprofundar o debate", resumiu.