Crescimento do PIB até setembro não deve se repetir no final do ano, diz economista da Unicamp

30/11/2004 - 17h54

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - "O crescimento de 6,1% da economia brasileira no trimestre de julho a setembro é um bom resultado, mas não deve se repetir no período de outubro a dezembro", acredita a economista Daniela Prates, do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp.

A desaceleração deve ocorrer, segundo a economista, devido à elevação da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que vem ocorrendo desde setembro. "O aperto da política monetária ainda não se refletiu na economia. É provável que no quarto trimestre tenhamos uma taxa inferior de crescimento", avalia.

A expectativa é de que o país encerre 2004 com uma alta de cerca de 5% no PIB (Produto Interno Bruto) em relação ao ano passado. No próximo ano, a economia continuará crescendo, acredita a economista, mas com taxas mais modestas. A política monetária e o cenário internacional são aspectos determinantes, alerta Daniela Prates. "Se o cenário internacional permanecer estável e não houver uma mudança drástica na taxa de juros americanos, por exemplo, podemos crescer em torno de 3,5% a 4%", afirma.

A economista acredita que a o aumento do emprego formal é um aspecto positivo, pois estimula o consumo. "Ao que tudo indica, o Natal será o melhor dos últimos anos", arrisca. A recuperação efetiva da renda, no entanto, depende ainda da continuidade do crescimento. "Quando a taxa de desemprego continua elevada, a capacidade de negociação salarial é menor", explica. "Neste sentido é uma política perversa, pois o país cresce mas não há distribuição de renda", conclui.