São Paulo, 30/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - Os médicos de São Paulo iniciaram hoje um boicote ao atendimento dos segurados das empresas de seguro saúde Bradesco, Sul América, Porto Seguro, Marítima, AGF, Notre Dame e Unibanco. Eles reivindicam a implantação integral da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos (CBHPM).
Os procedimentos médicos em vigência não autorizam atualmente exames como ultra-som tridimensional, cirurgia fetal e a glastoplasia, feita na redução do estômago. "Queremos que haja um mecanismo de introdução desses procedimentos para a prática diária, atualizando a tabela de 1992. São 14 anos de avanços na medicina que não estão incorporados para prestar assistência ao paciente", afirmou Florisval Meinão, diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina.
Meinão informou que não há uma paralisação do atendimento. Os médicos deixarão de atender por guias e estão cobrando R$ 42 por consulta, valor que pode variar 20% para mais ou para menos. Com a nota fiscal emitida pelo médico, o paciente deverá pedir o reembolso posteriormente para a seguradora. Se não concordar, o paciente deve exigir da seguradora a indicação de um substituto.
Segundo Meinão, o preço pago hoje pelas seguradoras varia de R$ 24 a R$ 34 por consulta. O valor de R$ 42 está sendo reivindicado pelos médicos como quantia mínima para cada consulta.
A Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg) divulgou nota informando que as seguradoras de saúde são as operadoras que pagam os maiores valores de consultas e honorários médicos: R$ 34 para consultas de segurados de planos coletivos e até R$ 30 para planos individuais.
Segundo a nota, "em julho de 2003 as seguradoras já haviam aumentado a remuneração dos médicos referenciados. A partir de 1 de julho de 2004, as seguradoras reajustaram novamente consultas e honorários médicos".
Na avaliação da Fenaseg as providências foram tomadas pelas afiliadas, "não havendo motivos, portanto, para a paralisação que somente trará transtornos para os segurados". Entretanto, a Associação Paulista de Medicina afirmou que o boicote só termina com a implantação integral da classificação brasileira de procedimentos.
Não foi divulgado um levantamento oficial do movimento dos médicos hoje. Mas a avaliação da Associação Paulista de Medicina é de que a adesão foi maior nos consultórios do que nos hospitais da rede credenciada, que conta com cerca de cinco mil médicos.