Índios montam barreira de fiscalização na reserva Raposa Serra do Sol

30/07/2004 - 18h11

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Índios que vivem na reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima (RR), montaram esta semana uma barreira de fiscalização em Pedra Branca, a 350 quilômetros da capital Boa Vista. O objetivo é evitar a entrada de garimpeiros, bebida alcoólica, combustível contrabandeado, armas e outros artigos proibidos na reserva.

O coordenador do Conselho Indigenista de Roraima, Jacir José de Souza, disse que o movimento é pacífico. "É uma fiscalização. Estão entrando muitos garimpeiros naquela região com balsas e material de garimpagem. Também está passando combustível clandestino, que vem da Venezuela". Jaci denuncia também o furto de gado e o comércio de bebidas alcoólicas.

O presidente em exercício da Fundação Nacional do Índio (Funai), Roberto Lustosa, informou que em um sobrevôo realizado na região foi possível identificar 10 frentes de garimpo no rio Mau, dentro da terra indígena. Lustosa disse que a Funai está acompanhando as ações dos índios. "Os índios estão fazendo um trabalho preventivo, exatamente para que não haja conflito dentro da área", explicou.

Ele revelou que logo que foi implantada a barreira, os índios impediram a entrada na terra indígena de um pequeno caminhão com carregamento de cerveja. "Eles não confiscaram nada, simplesmente não deixaram que esse carro entrasse com bebida alcoólica na terra indígena", disse.

Segundo Lustosa, a Funai tem uma preocupação grande com a presença de garimpeiros dentro de terras indígenas. "O garimpeiro é um predador por excelência, onde ele passa deixa um rastro de destruição. São pessoas que não tem qualquer respeito pelo meio ambiente e nem pela condição de terra indígena", afirmou.

A reserva Raposa Serra do Sol tem um milhão e setecentos mil hectares e abriga uma população de cerca de 15 mil índios das etnias Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e Patamona.

Uma decisão do Supremo Tribunal Federal impede a homologação contínua das terras. Com isso, ficam mantidas as decisões que excluíram da área indígena a faixa de fronteira com a Guiana e a Venezuela, o Parque Nacional Monte Roraima, os municípios, vilas, rodovias e as plantações de arroz no extremo sul da reserva.