Brasil leva experiência com usuários de drogas a conferência sobre Aids na Tailândia

09/07/2004 - 6h34

Brasília - O trabalho de redução de danos entre usuários de drogas injetáveis e crack, executado no Brasil pelo Programa Nacional de DST/Aids, será tema de duas mesas de debate da Conferência Internacional de Aids, que se realizará em Bangkok, Tailândia, na próxima semana. O diretor do Programa, Alexandre Grangeiro, vai mostrar os resultados obtidos com a troca de seringas e de cachimbos para esta população, que recebe preservativos do Ministério da Saúde e tem acesso aos serviços de assistência básica e apoio psicológico.

De acordo com informações do Programa Nacional de DST/Aids, o risco maior entre usuários de drogas injetáveis é a transmissão do vírus da aids, pelo compartilhamento de seringas e agulhas e pelo sexo desprotegido. Entre esses usuários, a prevalência do HIV chega a 41%. Já entre os usuários do crack, a maior prevalência é de hepatite. Pesquisa feita com mulheres usuárias em São Paulo constatou uma taxa de 67% de hepatite B e de 25% de hepatite C.

O ex-deputado e ex-secretário de Habitação do Estado de São Paulo, Paulo Teixeira, também participará em Bangkok de uma mesa onde vai falar da necessidade de amparo legal para a execução da política de redução de danos nos países onde a atividade ainda é vista com preconceito. De um modo geral, a questão do uso de drogas é tratada como casos de polícia, e não de saúde.

O Programa Nacional de DST/Aids apóia 125 projetos entre usuários de drogas injetáveis, que acessam 65 mil dependentes. Esse número, no entanto, não chega a 10% do total de usuários, estimado em 800 mil pessoas. O trabalho é executado por 17 associações de redução de danos em 17 estados. Essas associações capacitam usuários ou ex-usuários de drogas para serem agentes de saúde. Eles distribuem preservativos e seringas descartáveis aos dependentes, dão palestras sobre saúde e encaminham os doentes para tratamento físico ou psicológico.