Brasília, 19/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - No balanço preliminar da Operação Tamar, da Polícia Federal, para combater a exploração sexual infantil, realizada ontem em todo o país, quatro inquéritos foram instaurados e uma prisão efetuada. A operação foi realizada por mais de 200 policiais. Os envolvidos na exploração sexual em bares, boates e casas noturnas responderão pelos crimes de corrupção de menores e rufianismo – aplicada a quem tira proveito de prostituição alheia –, cujas penas variam de um a quatro anos, em regime fechado.
A rota da polícia foi traçada pela própria Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Congresso Nacional que investiga as redes de exploração sexual de crianças e adolescentes, indicando os pontos onde foram identificados casos. Na próxima terça-feira, a Polícia Federal e a CPI avaliarão a operação. O relatório final da comissão deve ser apresentado no próximo dia 29.
No Acre, uma menina de 17 anos foi encontrada em um bar ingerindo bebida alcoólica e foi encaminhada para uma delegacia especializada. No Amazonas, uma operação conjunta com o Ministério Público, o Juizado de Menores, a Vigilância Sanitária e as Polícias Civil e Militar resultou na interdição de quatro casas noturnas. Em Rondônia, um casal foi encontrado em um motel com uma menor, sendo efetuada prisão em flagrante.
Em Brasília, a senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), presidente da CPI, e a deputada Maria do Rosário (PT-RS), relatora da comissão, acompanharam a PF, que foi a dez casas noturnas no Plano Piloto e em cidades-satélites. A operação, que começou às 22h, durou aproximadamente quatro horas.
Em uma boate da cidade-satélite de Taguatinga, uma adolescente foi encontrada sob suspeita de estar se prostituindo e um inquérito policial foi aberto para investigar o responsável.
De acordo com a deputada Maria do Rosário, a operação não representou o esperado. "O resultado da operação foi aquém da incidência nacional. Demonstrou o enfrentamento da Polícia Federal frente a exploração sexual de menores, mas este tipo de enfrentamento deve ser feito com investigação, porque o crime se organizou. Redes se organizam para o tráfico de seres humanos, falsificação de documentos e dispõem de acesso à internet. Tivemos uma pequena demonstração do fenômeno, talvez pelo fato da operação não ter sido antecipada por um trabalho de investigação", lamentou.
A CPI identificou, em um ano de investigação, mais de 20 locais, em capitais e cidades do interior do país, onde crianças e adolescentes são exploradas por envolvidos com o tráfico de armas e seres humanos.
O nome Tamar foi atribuído à operação porque se refere a uma personagem bíblica que se disfarça de meretriz.