Índios pedem mais segurança e apoio para tribo Cinta Larga

15/04/2004 - 22h03

Brasília, 15/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Representantes da comunidade indígena de Rondônia divulgaram hoje nota em defesa dos 1,5 mil índios da tribo Cinta Larga. Os líderes reivindicam a instalação de um posto da Polícia Federal na área da Reserva Roosevelt, para garantir a segurança da tribo, acusada de matar garimpeiros em uma disputa por minas de diamante.

Diretor da Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Norte do Mato Grosso e Sul do Amazonas (Cunpir), o índio Almir Suruí, 29 anos, afirma que a sociedade está julgando os Cinta Larga antes que as investigações da Polícia Federal terminem. Uma prova disso seria o espancamento do professor indígena Marcelo Kakin Cinta-Larga por garimpeiros e moradores do município de Espigão D'Oeste, no último sábado (10).

Para Almir Suruí, o conflito com garimpeiros só vai acabar quando a tribo da Reserva Roosevelt receber permissão federal para explorar as minas de diamante. "É necessário que o governo se preocupe com uma política de desenvolvimento sustentável", defende Suruí. "Só assim vamos buscar qualidade de vida para os índios e contribuir com proteção da terra."

Os índios Cinta Larga são acusados por garimpeiros de promover a chacina na reserva. Três corpos já foram encontrados pela Polícia Federal. As buscas continuam amanhã, com 30 agentes apoiados por dois técnicos da Fundação Nacional do Índios (Funai).

Na quarta-feira, líderes do sindicato dos garimpeiros avisaram à polícia que um grupo de 20 homens invadiu a reserva no domingo e encontrou o corpo de 17 colegas em dois locais. Até agora a informação não foi confirmada. Um helicóptero e um avião voltam a sobrevoar a região nesta sexta-feira.

Um dos representantes da tribo Cinta Larga, o índio Daeip Akat Cabana, 35 anos, conta que a mina onde aconteceu o confronto da semana passada estava sendo explorado por cerca de 150 garimpeiros. A Polícia Federal estima que existam outras duas minas na reserva de 2,7 milhões de hectares.

"Esse (os garimpeiros) é um grupo de pessoas que estava explorando diamante sem os índios saberem. Os índios estavam fiscalizando, encontraram esse pessoal e por isso houve conflito", revela Daeip, que chegará amanhã à reserva. "Tentei falar com alguns líderes que ficam na cidade, mas não consegui. Quando há confusão, todo mundo vai pro mato."