Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (ABONG) questiona os rumos da política econômica. Segundo a entidade que realizou seminário nacional com ONGs de todo o país, o governo "privilegia o mercado em detrimento da sociedade". Os dirigentes da Associação consideram que, com isso, "o presidente Lula deixa de cumprir seu programa de governo, que prioriza a inclusão social e a diminuição das desigualdades sociais, através da construção de um ambiente socialmente justo e ambientalmente sustentável, que resulte na geração de emprego e renda".
Para a ABONG, o dilema entre a estabilidade econômica e o desenvolvimento, "não considera a hipótese de tocar nas cláusulas pétreas da atual política econômica: o elevado superávit primário e a busca de credibilidade junto aos credores da dívida pública".
A nota do Conselho Diretor da ABONG afirma que a inexistência de um projeto claro de desenvolvimento prejudica a própria sustentabilidade sócioambiental. "Os planejados investimentos de infra-estrutura, a política energética e o apoio a setores econômicos como o agro-negócio, sem o devido contrapeso de critérios sócioambientais, colocam em questão o projeto de desenvolvimento do atual governo. A ABONG anseia pela retomada do crescimento econômico, mas recusa o crescimento a qualquer custo. Ademais, não é preciso crescer para começar a distribuir", destacou a entidade.
A ABONG reivindica do governo federal maior participação das ONGs nos mecanismos institucionais, incluindo o Programa de Parceria Público Privada (PPP), e que o governo não somente privilegie os setores empresarial e sindical, como ocorreu na composição do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, diz a nota.
A intenção da ABONG é que o Governo Lula "cumpra os compromissos de mudança assumidos com a população brasileira, garantindo assim a consolidação do processo democrático e a confiança popular na democracia".