Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou hoje que seu governo vai fortalecer a política cultural do país e difundir a necessidade da leitura. "É apenas uma questão de educação e a bola não está com ninguém, está conosco. Portanto, nós não temos que reclamar, nós não temos que pedir, nós temos é que fazer", disse, ao participar da abertura da 18ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
Como primeiro passo para incentivar o hábito de leitura, Lula anunciou que neste ano o governo federal vai comprar e distribuir 124 milhões de livros didáticos e, até 2006, instalar bibliotecas públicas em mil municípios. "Todo povo tem fome também de beleza e alegria. O livro, assim como a música, o cinema, o teatro, o circo e as artes plásticas, são alimentos de primeira necessidade da nossa alma", defendeu Lula.
Existem hoje no Brasil cinco mil bibliotecas públicas, e as estatísticas, divulgadas pela Câmara Brasileira do Livro, revelam que apenas 26 milhões de brasileiros lêem regularmente. Lula informou, ainda, que no país 16% da população têm em casa cerca de 70% de todos os livros vendidos no mercado editorial, "o que determina, também na literatura, que é grave o quadro de concentração de renda em nosso país".
Em seu discurso, lembrou que 52% das crianças das escolas primárias brasileiras lêem um texto e não conseguem interpretá-lo. "Se isso é verdade, demonstra que nós precisamos, enquanto governantes deste país, fazer um esforço incomensurável por meio das secretarias de educação municipais, estaduais e o governo federal, para que o gosto pela leitura seja descoberto pela criança na escola primária, no ensino fundamental".
Segundo ele, se uma criança, no tempo certo, aprender o gosto pela leitura, certamente deixará de ler apenas a orelha do livro e passará a ler o livro inteiro, "com a mesma sede com que assiste um programa de televisão ou joga um futebol".
Lula defendeu que para o país entrar de cabeça erguida no mundo globalizado, precisa, além de exportar matéria-prima, exportar conhecimento.
A 18ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, para o presidente, é uma grande oportunidade para o brasileiro começar a se interessar pela leitura. Este ano, estão sendo esperadas cerca de 600 mil pessoas.
A feira, considerada o terceiro maior evento literário em volume do mundo, vai disponibilizar 150 mil livros, dos quais 2 mil são lançamentos. Ao todo, serão 320 expositores nacionais e estrangeiros.
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, que também participou da cerimônia de inauguração da feira, disse que o desafio dos governos federal e estadual de difundir a necessidade de leitura no país será grande.
O Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse ao discursar na cerimônia de abertura da bienal do livro, que o Brasil tem que se habituar a ler mais livros. "Uma boa leitura é uma conversa com os melhores espíritos dos séculos passados e dos séculos futuros".