Brasília, 15/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Ao comentar hoje os conflitos que estão ocorrendo em Pernambuco por causa de questões agrárias envolvendo disputa de terra, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel José dos Santos, afirmou que a crise é provocada pela falta de um planejamento articulado entre os governos federal e estadual que se antecipe aos assentamentos.

Santos cobrou uma atuação mais efetiva do Judiciário e questionou se o "caos social" no estado é provocado pelos trabalhadores que estão invadindo ou pelos proprietários que "estão assassinando trabalhadores". O dirigente reclamou da Justiça que, segundo ele, tem levado apenas uma semana para conceder reintegração de posse.

Durante audiência pública na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI,) ele lembrou que é preciso investir mais na agricultura familiar, que gera 85% dos empregos no campo. Segundo Santos, o governo precisa atuar de forma que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) funcione efetivamente. Caso o Incra não funcione, observou, o Ministério do Desenvolvimento Agrário dificilmente cumprirá a meta de assentar 530 mil famílias até o final do governo Lula.

Manoel José dos Santos também pediu ao Congresso empenho para aprovar os créditos suplementares anunciados pelo governo, de R$ 1,7 bilhão, para o Programa de Reforma Agrária. "Sabemos que isso depende de aprovação do Legislativo, por isso cada segmento deve cumprir sua parte", ressaltou.