Ceará sedia debate sobre educação dos povos do mar

15/04/2004 - 12h16

Brasília - A educação dos povos do mar está em debate até sábado (17) em Beberibe, no Ceará, durante seminário que reúne professores, estudantes, lideranças comunitárias, pesquisadores, representantes das secretarias de Educação e de departamentos de pesca dos municípios litorâneos.

O encontro se propõe a socializar experiências na área da educação e formação de pescadores, promover diálogo com escolas públicas e discutir um calendário escolar apropriado aos pescadores e seus filhos. "Queremos um currículo escolar adequado, que leve em conta nossa realidade e nossa cultura", explica Henrique César Martins, coordenador do projeto Escola dos Povos do Mar. Segundo ele, o seminário também abrirá a discussão sobre gestão da pesca e alternativas de sustentabilidade, como apicultura e turismo, para os municípios litorâneos.

Oito oficinas preparatórias foram realizadas na região de Beberibe, com discussão de propostas e escolha de representantes para o seminário. O Ceará apresenta no seminário o projeto Escola dos Povos do Mar, que prevê a discussão, na escola, de tecnologias de pesca, aqüicultura, navegação, desenvolvimento sustentável, cooperativismo e gestão da produção.

De Santa Catarina vem a experiência da Casa Familiar do Mar, desenvolvida na cidade de São Francisco do Sul com jovens de cinco municípios litorâneos. Fundada em 1998, a partir da idéia das casas familiares rurais surgidas na França na década de 30, a Casa visa a formação integral na comunidade pesqueira.

A experiência da Escola de Pesca de Piúma é apresentada pelos representantes do Espírito Santo no seminário. Criada em 1987, pela Secretaria de Educação do estado, a escola atende, em tempo integral, cem alunos dos municípios de Guarapari, Anchieta, Piúma e Itapemirim. Além das aulas do núcleo comum (da 5ª à 8ª série), os estudantes aprendem técnicas relacionadas ao setor pesqueiro, como fabricação e conserto de redes; uso de anzóis e iscas; guarda e conserva de pescado; defumação e produção de embutidos; projetos de carpintaria; construção de embarcações; técnicas de navegação; comercialização de pescado e legislação pesqueira. A escola oferece, ainda, educação artística e ambiental, aulas de natação e cursos abertos à comunidade, como processamento do pescado, maricultura (criação de frutos-do-mar), uso de novas tecnologias, artesanato, meio ambiente, construção civil e computação.

E a organização não-governamental Projeto Cultural São Sebastião (SP) aborda, com o projeto Universidade Aberta do Mar, a questão ambiental de forma multidisciplinar, por meio de atividades nas áreas de cultura, educação, comunicação, pesca, agricultura e extrativismo, biologia, oceanografia, clima, ciências florestais, turismo, direito do mar e ambiental.

As informações são do Ministério da Educação