Almino Affonso defende reparação histórica de reputação de Jango

15/04/2004 - 18h59

Brasília, 15/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - O ex-ministro do Trabalho do governo João Goulart, Almino Affonso, defendeu hoje a necessidade de reparação histórica das acusações de que o ex-presidente teria sido covarde ao não resistir ao golpe militar de 64. A defesa de Jango foi feita durante audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara sobre o golpe de 64 e as transformações que o regime ditatorial impôs ao Brasil.

Affonso lembrou que até o cunhado de Jango, Leonel Brizola, o acusou de covardia por não ter tentado recuperar o poder. Segundo ele, o ex-presidente não resistiu ao golpe porque poderia desencadear uma guerra civil no país. "O exílio foi considerado por Goulart uma medida em favor do Brasil", disse Almino.

Segundo Affonso, o pretexto usado pelos militares para o golpe - de que Jango era comunista - nunca foi comprovado, apesar dos livros de história reproduzirem essa tese sem questionamentos.
Para ele, o ex-presidente não pode ser apontado como um dos responsáveis pelo avanço dos militares. "Ele assumiu em situação de emergência, depois da renúncia de Jânio Quadros, e herdou todo o clima de um levante repentino", disse. O ex-ministro elogiou a administração de Jango, destacando que era um governo progressista e que tinha o melhor programa de reforma agrária. Affonso também relembrou os momentos que viveu no dia do golpe, naquela Casa.

A audiência, da qual também participou o presidente da Câmara, deputado João Paulo (PT-SP), foi proposta pelo deputado Aloyzio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

Com informações da Agência Câmara.