Líderes da base seguram os nervos e não tratam de reforma ministerial com Dirceu

20/01/2004 - 15h05

Gabriela Guerreiro e Ana Paula Marra
Repórteres da Agência Brasil

Brasília, 20/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - Mesmo com a proximidade da reforma ministerial, sinalizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocorrer até a próxima quinta-feira, os líderes do governo no Congresso evitaram discutir o tema hoje com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Os líderes e o ministro tiveram uma reunião de quase três horas, hoje, durante almoço no Palácio do Planalto.

Todos saíram dizendo que a reforma ministerial não foi colocada em discussão e que a reunião debateu as prioridades da agenda da convocação extraordinária do Congresso. "A base aliada não trata da reforma ministerial. Isso é assunto tratado com o presidente. Enquanto ele não definir, não está definido. Não é matéria que diga respeito ou esteja ligado às nossas atividades", enfatizou o líder do governo na Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Entre os participantes, dois cotados como futuros ministros negaram ter recebido o convite do governo. O líder do PSB na Câmara, Eduardo Campos, citado como provável novo ministro da Ciência e Tecnologia, negou enfaticamente o convite.

O líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira, também negou ter sido sondado. Ele disse que o PMDB espera paciente uma decisão do presidente. "Todos os integrantes do PMDB decidimos que vamos esperar a reforma ministerial com muita tranquilidade. É o presidente quem vai dizer o dia, a hora, e o momento em que fará as modificações que achar convenientes", garantiu.

Nem todos, porém, demonstraram paciência com os sucessivos adiamentos da reforma. O vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), não economizou críticas à "demora" do presidente Lula em tornar público quem deixará ou quem vai permanecer no governo. "Eu acho que reforma que demora mais de um mês expõe quem entra, quem sai, quem eventualmente poderia sair e quem poderia entrar. Demorar nesse tema não é bom, pode oferecer paralisia em alguns setores", disse.

Na avaliação do vice-líder, abrir espaço para especulações em um tema tão sério como a reforma ministerial pode comprometer a imagem do governo. "Especulação não é bom em lugar nenhum, que dirá em governo. Eu acredito que o presidente anunciará as mudanças na quinta-feira para acabar o clima de especulação que só prejudica", enfatizou.