Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mais de 160 seleções nacionais de todas as regiões do planeta (África, Ásia, Europa, América do Norte, do Sul, Central e Caribe e Oceania) descobriram hoje (30) que time vão enfrentar na disputa pelas 31 vagas para a Copa do Mundo de 2014. O Brasil já tem lugar garantido por ser o país-sede da competição.
O sorteio dos jogos das eliminatórias, promovido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), na Marina da Glória, no centro, contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff, ministros e representantes das seleções que participaram do sorteio, além de diversas autoridades do esporte e das 12 cidades-sede da Copa de 2014. Entre um sorteio e outro a plateia assistiu a shows a de música de Ana Carolina, Ivan Lins, Daniel Jobim, orquestra de Heliópolis e Ivete Sangalo.
Enquanto era feito o sorteio, um grupo de manifestantes protestava, na área externa, contra as remoções forçadas por causa das obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014. Professores, taxistas e outras categorias aderiram à manifestação para reivindicar também melhores condições de trabalho.
Com apitos e tambores, alguns carregavam cartazes pedindo a renúncia de Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do governador do Rio, Sérgio Cabral. Dezenas de policiais militares a cavalo e com cachorros impediram que a multidão se aproximasse da entrada do evento. Ele invadiram a pista do Aterro do Flamengo que ficou parcialmente obstruída.
O protesto foi organizado pelo Comitê Social da Copa 2014 e dos Jogos Olímpicos. Segundo a organização, mais de 20 mil pessoas serão desalojadas para que suas casas deem lugar a vias expressas. Marcelo Braga Edmundo, coordenador da Central de Movimentos Populares disse que as remoções podem ser evitadas e desrespeitam tratados internacionais de direito à moradia.
“A estimativa é que 130 comunidades sejam removidas. Os números são imprecisos, mas as alternativas até agora têm sido indenizações irrisórias de cerca de R$ 10 mil ou de programas de moradia em locais afastados, de até 70 quilômetros de distância de onde as pessoas vivem hoje, sem infraestrutura ou serviços.”
Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Vainer, participou da manifestação. Segundo ele, a falta de informação sobre os projetos e investimentos que estão sendo feitos no Brasil impossibilita a mobilização da população.
“A sociedade não sabe qual o impacto dos gastos e dívidas que estão sendo contraídas sobre o orçamento público. Por exemplo, a Transoeste e a Transcarioca [vias BRTs], eles não dizem por onde vão passar de maneira claro por onde vão passar e quantas pessoas serão removidas, mas a cada dia sai no Diário Oficial um decreto do prefeito dizendo que o imóvel de número tal da rua tal desapropriado por utilidade pública.”
Devido à proximidade com o local da cerimônia, o aeroporto Santos Dumont ficou fechado durante toda a duração do sorteio da Fifa (cerca de seis horas), por motivos técnicos e de segurança. Os 43 voos regulares do Santos Dumont foram remanejados para o Aeroporto Internacional Galeão/Tom Jobim, na Ilha do Governador, zona norte da cidade.
O esquema de segurança na cidade contou com a participação cerca de mil homens das polícias militar, civil e federal, além de agentes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros.
Edição: Talita Cavalcante