Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Integrantes de movimentos sociais e moradores de Itaquera, na região leste da capital paulista, promoveram hoje (30) um ato contra o uso de verbas públicas em obras para a Copa do Mundo de 2014 e as remoções que essas obras devem causar. Juntas, cerca de 300 pessoas deram um abraço simbólico na área do futuro estádio do Corinthians, local que receberá jogos do Mundial.
As obras do estádio, em Itaquera, receberam R$ 420 milhões em incentivos fiscais da prefeitura de São Paulo. O governo paulista também vai investir R$ 70 milhões na construção da arena, que será privada.
Para os manifestantes, a aplicação de dinheiro público na obra é um exemplo dos vários erros que o Brasil vem cometendo em sua preparação para o Mundial. “Esse dinheiro poderia ser investido em moradias, escolas e universidades”, afirmou Tita Reis, morador da região leste e membro do Comitê Popular da Copa em São Paulo.
“Nós não somos contra a Copa”, complementou Benedito Roberto Barbosa, da Central de Movimentos Populares (CMP) e também do comitê popular sobre o Mundial. “Só somos contra o que a Copa tem de errado.”
Segundo Barbosa, por causas das obras para o Mundial, milhares famílias de Itaquera serão removidas de suas casas. Muitas, por morarem em ocupações irregulares, temem não ser indenizadas por terem de deixar sua habitação.
A professora Ana Paula Cordeiro, de 31 anos, é uma das que temem as remoções. Ela mora há 11 anos em uma área ocupada de Itaquera. Nesta área, será construída uma ligação entre duas avenidas de acesso à região. Essa obra, segundo ela, ameaça casas de mil famílias. “A gente sabe que vai ter a obra, mas não sabe como vamos ficar”, reclamou Ana, durante o ato. “Tudo o que está sendo construído é a favor da Copa, nada é a favor da população.”
Edição: Lana Cristina