Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (MJ) reconheceu a condição de anistiado político do cineasta Jom Tob Azulay, diplomata que obteve o direito de ser reintegrado ao Ministério das Relações Exteriores como ministro-conselheiro. Além do retorno ao Itamaraty, Azulay ouviu um pedido formal de desculpas feito pela comissão em nome do Estado.
Quando diplomata, Azulay foi perseguido pela ditadura militar (1964-1985) por ter exibido o documentário Brazil, a Report on Torture, produzido em 1971 pelo cineasta norte-americano Haskell Wexler, com depoimentos de brasileiros torturados e que se exilaram no Chile. O documentário foi exibido na casa do músico Oscar Castro Neves, em Los Angeles (EUA) com a presença de intelectuais e artistas brasileiros como Elis Regina e Antônio Carlos Jobim.
“Foi um pedido de reparação dado àquela geração”, comentou o cineasta e diplomata ao dizer que estava se sentido livre do “sentimento de frustração”. Azulay afirmou que à época do documentário não “imaginava que poderia viver este momento” e temia que a ditadura no Brasil durasse tanto tempo como a ditadura de Franco, na Espanha (1939-1976), e a de Salazar e Marcelo Caetano, em Portugal (1933-1974).
A anistia foi concedida em audiência durante o 4º seminário Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos realizado em Brasília, na Câmara dos Deputados. Além de Azulay também recebeu um pedido de desculpas a filha do jornalista Mário Alves de Souza, Lúcia Vieira Caldas.
Ela terá direito a uma indenização de R$ 100 mil. Ao fazer sua apresentação em público, Lúcia Caldas declarou ter “muito orgulho do pai, que foi perseguido político e agora é um herói”.
Antes dos julgamentos de Jom Tob Azulay e de Lúcia Caldas, a Comissão da Anistia prestou homenagem ao padre italiano Renzo Rossi, que protegeu presos políticos e prestou assistência a eles em 14 presídios de seis capitais brasileiras durante a década de 1970.
Renzo, que saiu da homenagem para uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que descobriu na assistência aos presos políticos que “o bem existe em cada homem, independentemente da ideologia ou da fé”.
A comissão do MJ segue julgando mais sete pedidos de anistia. Entre eles, o do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e de sua esposa Maria Nakano.
Edição: Lílian Beraldo