Economista diz que não há necessidade de aumentar taxa de juros nos próximos meses

23/12/2009 - 16h36

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oeconomista da Confederação Nacional da Indústria, Marcelo deAvila, não vê a necessidade do Banco Central (BC) elevar as taxas dejuros nos próximos meses para conter uma possível pressão sobre ospreços, devido ao aumento do consumo provocado, entre outros fatores,pela facilidade de crédito. Naavaliação do técnico, se houvesse um comportamento explosivo dainflação, a situação poderia ser definida como preocupante. Mascomo esse risco é remoto, Avila não vê a necessidade de elevaçãoda Selic (taxa básica de juros), atualmente em 8,75% ao ano. "Porisso a gente não acredita e não pensa na necessidade do BancoCentral voltar a elevar os juros.” Segundo Avila, mesmocom o crescimento sólido esperado e o aumento da demanda, aindaexiste uma ociosidade no parqueindustrial brasileiro. "Existeum crescimento sólido, crescimento de demanda, que poderia trazerpreocupação inflacionária, mas, por outro lado, você ainda temociosidade do parque industrial e tem investimentos em curso, como osque estão sendo retomados porque foram engavetados [diante dacrise]”, disse.Paraele, são várias combinações de fatores que fazem com que ainflação não mostre qualquer tipo de pressão. Ele ressalta que ospreços podem até aumentar um pouco, mas não haverá uma trajetóriaexplosiva que impeça o Banco Central de exerceruma trajetória ascendente da taxa básica de juros. “A gente nãoacredita. Pode até ocorrer [elevação da taxa], mas o nosso cenárioé de manutenção da Selic”, afirmou. Naquestão do câmbio, o economista entende que as últimas medidasadotadas pelo BC – taxando a entrada de moeda estrangeira nopaís e com o aumento das condições para que as empresas possam encontrarfontes de financiamento no mercado doméstico, com o lançamento deletras financeiras por parte de bancos locais – vão atenuar ofortalecimento do real. Elelembra que a percepção dos investidores mudou em relação ao Brasil, quepraticava taxas de juros estratosféricas, pois tinha risco-paíselevado e precisava atrair capital. Agora, lembra Avila, o padrão é outro einverso porque, mesmo com a crise, os analistas vêem o Brasil comestabilidade monetária, fundamentos econômicos sólidos e avaliam bem a formacomo o governo tem atuado diante da crise. Diante de tal visão domercado financeiro sobre o país, segundo ele, é impossível nomomento observar uma interrupção da entrada de capital externo.

“Primeiroporque o diferencial de taxas de juros ainda é imenso quando vocêcompara os Estados Unidos e o Brasil. Segundo, quando você comparao Brasil com o resto do mundo é um país que está sendo visto, nãocomo forte, com crescimento previsto de 5,5%, mas com um crescimentosólido e sustentável no sentido do avanço dos investimentos aomesmo tempo.”

O economista, no entanto, reconhece que a valorização excessiva do real é preocupante justamenteporque tira a capacidade de competitividade da indústria esobrevaloriza os produtos brasileiros no exterior, prejudicando asexportações.

Em pesquisa da CNI relativa ao terceiro trimestre, a Sondagem Industrial, ficou claro que aexpectativa dos empresários industriais para os próximos 12 meses éque a indústria nacional fique focada no mercado interno, que temsustentado a recuperação econômica no Brasil.