Solução de problemas emergenciais de ferrovias consumiria R$ 25 bilhões, diz CNT

17/12/2009 - 16h25

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Favelas que invadem o espaço de segurança dos trilhos de trem,cruzamentos rodoferroviários mal ou nada sinalizados, gargaloslogísticos e operacionais. Estes são alguns dos entraves para que a malha ferroviária brasileira tenha um rendimento maior, segundo levantamento apresentado hoje (17) pelaConfederação Nacional do Transporte (CNT). De acordo coma CNT, apenas os reparos maisemergenciais no sistema de transporte ferroviário consumiriam algo em tornode R$ 25 bilhões. Já a solução ampla dos problemas e a ampliação damalha dos atuais 29 mil quilômetros para os 52 mil quilômetrosnecessários à demanda brasileira consumiriam cerca de R$ 54 bilhões,até 2025. “Essas invasões e essas passagens de nível causam umdescompasso na área de movimentação das ferrovias. É um sistemainadequado que precisa ser resolvido para que nós tenhamos um aumentoda velocidade dos trens”, explicou o presidente da Sessão deFerroviários da CNT, Rodrigo Vilaça. A baixa velocidade é umdos principais fatores que provocam a perda de participação dasferrovias no transporte de carga no Brasil. Atualmente, os trens andamcom velocidade média de 25 quilômetros horários (km/h), mas, nas regiões metropolitanas, avelocidade chega a cair para 5 km/h. Segundo Vilaça, depois da concessão para o setorprivado, malhas mais modernas foram implementadas, tomando o cuidado demanter afastados os carros e as residências. “Em malhasnovas de alta velocidade, o desempenho chega a 80 km/h”, disse. Com a concessão, em 1997, a movimentação de contêineresaumentou 75 vezes e o transporte por trens subiu a participação de 17%para 25% no transporte de cargas total. A quantidade de cargas tambémaumentou, 95%. O principal produto levado nos corredores ferroviários éminério de ferro, mas produtores de milho, soja e combustíveis tambémse utilizam desse meio para fazer os produtos chegarem aos principaisportos. Os usuários, segundo a CNT, reclamam do custo dofrete, da confiabilidade dos prazos e da falta de disponibilidade devagões especializados. Entre as soluções sugeridas pela confederação,está a alienação de imóveis não operacionais da extinta RedeFerroviária Federal para programas de regularização fundiária ereassentamento da população que se encontra na faixa de domínio das ferrovias. Perguntado se não estaria havendo uma inversão de valores com os investimentos deR$ 87 bilhões que o governo pretende fazer para implementar o Trem deAlta Velocidade para transportar passageiros entre o Rio de Janeiro (RJ),São Paulo (SP) e Campinas (SP), Vilaça lembrou que os objetivos são diferentes. “Não podemos compararprojetos de governo para carga e passageiros. Os dois são importantes.” Segundo ele, o transporte de carga traz retornosfinanceiros mais rapidamente, mas o Brasil terá que investir no transporte de passageiros por trens em algum momento também. ODepartamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)  estáfazendo um levantamento sobre a segurança nas ferrovias. “Esperamos queaté o primeiro trimestre de 2010 o governo apresente um plano cominvestimentos, que devem ser da ordem de R$ 230 milhões”, completouVilaça. Sob o sistema de concessão, estão previstos projetos deexpansão das linhas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, na Bahia, no EspíritoSanto, em Santa Catarina e no Tocantins.