Comissão brasileira racha e deputados visitam representantes de Micheletti

02/10/2009 - 0h03

Roberto Maltchik
Enviado Especial da EBC
Tegucigalpa - Após o encontro de cerca de duas horas com o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, quatro dos seis deputados brasileiros que estão em Tegucigalpa estão reunidos na noite de hoje (1°) com a vice-ministra de Relações Exteriores do governo golpista, Marta Alvarado. A decisão provocou polêmica na comissão de parlamentares que passou o dia na capital de Honduras, conversando com os representantes do Congresso, da sociedade e da Suprema Corte. Segundo o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), o convite foi feito por um grupo empresarial ligado ao governo golpista. “Isto não representa problema algum porque somos representantes do Congresso. Não representamos o Ministério das Relações Exteriores”, disse Jungmann antes do encontro.Além de Raul Jungmann, participam da reunião os deputados Maurício Rands (PT-PE), Cláudio Cajado (DEM-BA) e Bruno Araújo (PSDB-PE). O encontro está sendo realizado na sede da Chancelaria hondurenha. Na entrada do prédio estão dispostas duas bandeiras, uma do Brasil e outra de Honduras.O deputado Ivan Valente (P-SOL-SP) criticou duramente a decisão dos colegas. “Eles não caíram numa armadilha. Eles foram ingênuos, porque havíamos combinados de que não entraríamos em contato com qualquer pessoa do governo Micheletti”, protestou.O governo brasileiro não se comunica com Micheletti nem para permitir a entrada de cidadãos brasileiros na embaixada a fim de não reconhecer a legitimidade do governo golpista.Os deputados que aceitaram o convite foram chamados, inclusive, para uma reunião com o próprio Micheletti, e só descobriram que o encontro era com a vice-ministra ao chegar à Chancelaria de Honduras.Antes, na conversa com o presidente deposto na embaixada brasileira, Manuel Zelaya disse aos parlamentares que acredita numa solução para a crise dentro de duas ou quatro semanas. “Ele acredita que se ultrapassar esse prazo, os eleitores dele [Zelaya] não vão reconhecer as eleições marcadas para 29 de novembro”, disse o deputado Raul Jungmann.Zelaya também, teria dito que quer voltar ao poder, mas admite fazer concessões para impedir o prolongamento da crise. O presidente deposto de Honduras está cercado por militares na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde o dia 21 de setembro. O país vive sob medida de exceção desde a noite de domingo (27).