Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Eletrobrás, José Antonio Muniz Lopes, pretende encerrar até o final de novembro próximo o processo de capitalização das dívidas que as subsidiárias e controladas têm com a estatal. O objetivo é garantir maior transparência aos resultados da holding. “É dar resultados reais e não resultados financeiros”, afirmou Lopes, na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), , onde participou hoje (2) da solenidade de reinício formal da construção da Usina Nuclear Angra 3.
Esclareceu, contudo, que não se trata de anistia. “Anistia não. Vou cobrar dividendo delas”, disse Lopes. Explicou que algumas dessas empresas têm prejuízos hoje, mas, na hora em que forem capitalizadas, muitas passarão a ser lucrativas e pagarão dividendos à Eletrobrás.
“O capital delas aumenta. Em vez de estar alocado como dívida, gerando despesa financeira, eu vou tê-las como capital, que vai me gerar dividendos. Agora, eu quero que elas deem retorno”, disse. Ele não quis, entretanto, revelar qual é o valor da dívida das subsidiárias e controladas com a estatal. “Quando terminarmos a operação, passo o valor.”
Explicou que se trata de dívidas antigas e que não será injetado capital novo nas empresas. “São empréstimos que fizemos às empresas, que elas não conseguem pagar e são rolados, gerando despesa financeira. E vamos capitalizar para que as empresas venham a pagar os dividendos”.
Outras modificações estão em andamento, envolvendo a Eletrobrás, o Tesouro Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Lopes não forneceu detalhes, mas adiantou que se trata de uma “operação mais ampla, sempre buscando aumentar a melhoria da governança”.
Ele admitiu ainda que a operação poderia estar relacionada com o pagamento de dividendos retidos desde a década de 70, que hoje somam cerca de R$ 10 bilhões. Destacou que os dividendos recentes foram pagos em dia pela Eletrobrás.
A estatal também está discutindo com o governo de Goiás a possibilidade de ter uma participação na Companhia Energética de Goiás (Celg). Lopes espera que até dezembro a operação esteja encerrada. “Estamos prontos para contribuir com o estado de Goiás”. Ele informou que o BNDES deverá participar do projeto.