Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um milhãode brasileiros serão responsáveis pela escolha do temado próximo Relatório de Desenvolvimento Humano no país,segundo estimativa do Programa das Nações Unidas para oDesenvolvimento (Pnud). A consulta popular já está aberta. Os interessados devem enviar textos e vídeos para o sitewww.brasilpontoaponto.org.br. A divulgação do tema será feita entre abril emaio deste ano.Ocoordenador do relatório no Brasil, Flávio Comin,destacou a iniciativa como inédita em todo o mundo por setratar do primeiro documento elaborado pelo órgão apartir de uma consulta popular aberta – sem temas pré-definidos.A idéia, segundo ele, é levantar dados sobre oque é considerado importante para melhorar a vida de quem vive no país.Cominlembrou que, a cada ano, é divulgado o Índice deDesenvolvimento Humano (IDH) brasileiro mas que a perspectiva dodesenvolvimento humano é ainda mais ampla do que os númerose as médias registrados por meio dos levantamentos.Atéo momento, o Pnud já ouviu 2.500 pessoas por meio deaudiências públicas realizadas em sete capitais brasileiras e de visitas a dez cidades com os menores IDHsdo país – realizadas entre novembro e dezembro de 2008.“Acidadania, quando se resume ao voto e ao acompanhar das notícias,é uma cidadania empobrecida. O relatório possibilita que aspessoas dêem um valor a si mesmas. Quando se fala emdesenvolvimento humano, se pensa em crescimento econômico masdinheiro não é tudo”, disse, ao destacar que a renda– diretamente associada ao cálculo do IDH brasileiro – nãoé sinônimo de bem estar.Aconsulta popular deve ser finalizada em 15 de abril. A médiade textos e vídeos recebidos já chega a 500 por dia,segundo o Pnud. Apenaspor meio de parcerias, a expectativa do Pnud é que mais de 2milhões de pessoas tomem conhecimento da campanha – 1 milhãodeles serão alunos de escolas estaduais.“O paíspode estar muito bem, mas se coisas simples forem consideradas, vocêvai enxergar que é preciso melhorar a vida das pessoas. Ofoco do relatório brasileiro é no respeito e nosindivíduos. Nenhum dos 600 relatórios dedesenvolvimento internacionais começaram com uma consultapopular aberta e ampla. Há potencial de referência nonosso relatório.”Entre os2.500 depoimentos já recolhidos, Comin destacouquestionamentos sobre a qualidade da educação e sobre aprocupação com a formação de valoresindividuais e sociais. Outro bloco de participaçãoaborda a desigualdade, a falta de reconhecimento social e acorrupção, além do respeito ao próximo edo saber se relacionar com os outros. Por fim, alguns brasileiros sequeixam da falta de implementação e de acesso apolíticas públicas e também da falta de ética.Os temas, de acordo com Comin, estão todos interligados. “Masisso é um ponto de partida e não de chegada, uma vezque números maiores virão agora.”