Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O acirramento da crise financeirainternacional e as perspectivas de aprofundamento de seus impactos naeconomia real, tanto no Brasil quanto no exterior, justificam umaaceleração no ritmo de cortes da taxa básica dejuros (Selic) na reunião que o Comitê de PolíticaMonetária (Copom) fará na semana que vem.Odiagnóstico é da economista Maristella Ansanelli, doBanco Fibra, que acredita em uma redução da taxa de12,75% para 11,25% ao ano, com os juros retornando aos níveisde março do ano passado. Flávio Mendes, tambémeconomista do Banco Fibra, concorda com Maristella e diz que ocolegiado de diretores do Banco Central deve seguir linha idênticaà de países que reduziram significativamente suas taxasde juros.Ambos acreditam que se repitam em alguns paísesneste início de ano as expressivas quedas registradas noquarto trimestre de 2008, principalmente nos mais ricos, como osEstados Unidos. Para eles, tal perspectiva sustenta as expectativasnegativas para o crescimento econômico deste ano e alimentatemores de contaminação também para ocrescimento do ano que vem.Nesse contexto, Maristela diz que“a economia brasileira continuará sentindo os efeitos dadesaceleração mundial, com chances muito reduzidas deretomada no curto prazo”. A economista lembra que os resultados daprodução industrial de janeiro, divulgados peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram“muito negativos”, com queda de 17% na comparaçãocom janeiro de 2008, apesar da recuperação do setorautomotivo.“Em um cenário de fortes quedas do ritmode atividade e da inflação mundial, parece poucoprovável um aumento das pressões inflacionáriasdomésticas”, acrescenta Flávio Mendes. Ele ressalta,entretanto, que o componente inercial da inflação émaior no Brasil que em outros países, como observa o BancoCentral sempre que tenta explicar a resistência a quedasbruscas dos índices de preços brasileiros.Paraele, esse componente não deve, porém, impedir ainflação brasileira de caminhar para patamaresinferiores à meta anual de 4,5% nos próximos meses.“Todo esse contexto nos leva a acreditar em uma aceleraçãodo ritmo de cortes da Selic”, diz ele.
FlávioMendes evitou adiantar quais seriam as reduções na taxade juros ao longo do ano, por causa das “incertezas no cenárioexterno”, mas trabalha com a perspectiva de taxa de juros de umdígito antes do final do ano.