Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor executivo do Banco Mundial (Bird), Rogério Studart, defendeu hoje (6) a importância do papel das agências multilaterais no enfrentamento da crise financeira mundial e uma maior participação acionária do Brasil junto a essas instituições. "Para desafios globais, é necessário que se utilize instituições globais. E para se ter voz nessas instituições, é necessário que se tenha maior participação acionária", destacou Studart, no Seminário Internacional sobre Desenvolvimento organizado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão consultivo da Presidência da República.O diretor do Banco Mundial ressaltouque a crise agravou problemas que já existiam e que o Brasilteria condições de contribuir para a busca de soluções."O mundo já era insustentável antes de suaeconomia se tornar insustentável. É só observara questão ambiental. Até a própria questãoda segurança já tornava evidente que o modelo econômicoera insustentável. Quem mora no Rio de Janeiro sabe muito bemdo que eu estou falando. Uma cidade em que a classe média temque viver trancada em grades demonstra que passamos por uma situaçãopolítica extremamente instável", observou.O diretor executivo do Fundo MonetárioInternacional (FMI), Paulo Nogueira Batista, concordou com Studart edestacou que a crise representa para o Brasil uma grandeoportunidade. "Esse é um péssimo momento para serconformista. Estamos diante de uma crise de dimensõesgigantescas e a pior coisa que se pode fazer com uma crise édesperdiçá-la. Propostas que há seis meses eramconsideradas românticas hoje são factíveis",disse.Batista destacou que há umconsenso entre as nações mais ricas de que nãoserá possível encontrar soluções somenteno âmbito do G7, grupo das sete nações mais ricasdo mundo, centro do capitalismo. Ele considerou o G20, grupo de países desenvolvidos e emergentes, como a melhor instânciapara a discussão dos problemas relativos à crise."Essa crise é grave e tem origem nos paísesmais ricos. As velhas potências são as responsáveispela crise dessa vez. São poderosíssimas, mas estãoenfraquecidas no campo econômico, político e moral. Asnações sabem que essa crise não pode serresolvida no âmbrito do G7. Precisará da contribuiçãodas economias emergentes e periféricas", destacou.
O diretor do FMI disse, ainda, que o Brasil é umbom parceiro na questão do aquecimento global. "Umpaís que tem metade de seu território coberto pelafloresta. Não só por isso, mas também por suatecnologia em criação de energia limpa e de defesa domeio ambiente. No entanto, a participação doBrasil na solução dos problemas também passaria pela maior participação acionária."