Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 700 oficiaisda Marinha, Exército e Aeronáutica se reuniram hoje(7), no Clube Militar, no Rio de Janeiro, para protestar contra apossibilidade de revisão da Lei de Anistia, que pode levar àpunição de acusados de torturas e outros crimes contrapresos políticos durante o regime militar.Na platéia,estavam o comandante do Comando Militar do Leste, general LuizCesário da Silveira Filho, e o coronel da reserva CarlosAlberto Brilhante Ustra. O militar da reserva é acusado porentidades de direitos humanos de ser um dos torturadores do Doi-Codi(Departamento de Operações de Informações– Centro de Operações de Defesa Interna) de SãoPaulo. O Doi-Codi foi um órgão de repressão aosmilitantes que se opuseram à ditadura. Nenhum dos dois quisfalar com os jornalistas, limitando-se a dizer: “Nada a declarar”.Em nota divulgada aofinal da reunião, os militares dizem que “causou espanto aextemporânea e fora de propósito iniciativa deministros do atual governo de se voltar a discutir uma lei cujosefeitos positivos se faziam sentir há bastante tempo. Foi umdesserviço prestado ao Brasil e com certeza ao própriogoverno a que pertencem”.O texto afirma aindaque “se houvesse mesmo interesse em debater problemas nacionais, osdois ministros deveriam optar por algo mais atual e que incomoda emmaior intensidade: os inúmeros escândalos protagonizadospor figuras da cúpula governamental, ou ainda maisrecentemente a gravíssima suspeita de envolvimento de algunsdeles com as Farc".A nota nãomenciona os nomes dos ministros a que se refere, mas, segundo opresidente do Clube Militar, general da reserva Gilberto Figueiredo,eles são os da Justiça, Tarso Genro, e dos DirteitosHumanos, Paulo Vanucchi.Na saída doevento, manifestantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) edo grupo Tortura Nunca Mais protestaram na porta do Clube Militar echegaram a bater boca com participantes da reunião.Odeputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), capitão reformado doExército, irritou-se e xingou os manifestantes, dizendo: “Oúnico erro foi torturar e não matar”.