Pesquisador espera potencializar turismo em distrito vizinho de Campina Grande

22/06/2008 - 19h31

Morillo Carvalho
Enviado especial
Campina Grande (PB) - Depois de sair de Campina Grande (PB) e percorrer cerca de 30 quilômetros em duas horas, o trem Expresso Forroviário estaciona no distrito de Galante e 1,2 mil pessoas desembarcam. É meio-dia e, se quiserem voltar de trem, terão de esperar mais de quatro horas. Além delas, outras 12 mil - o mesmo número de habitantes do lugar -, chegam de carro, moto e ônibus nos domingos juninos.Fora a paisagem serrana e a barragem, o distrito não oferece muitos atrativos. Os que chegam buscam as comidas típicas, as palhoças, espécie de galpões que só tocam forró e onde só se pode entrar acompanhado, e as bebidas. Os serviços são oferecidos por barracas montadas por restaurantes de Campina Grande. O trem e as animações juninas poderiam gerar emprego, renda e desenvolvimento, e é isso que espera um pesquisador da localidade.O economista Rosalvo de Meneses Filho aproveita este mês para colher dados para a Pesquisa Socioeconômica do Distrito de Galante, patrocinada pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), pela Secretaria de Turismo do estado e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Além do turismo, ele vai analisar os potenciais produtivos agrícolas e urbanos do local.“Essa festa se desenvolve durante um mês, e durante nove a 10 dias tem o trem. A população não foi treinada para aproveitar as oportunidades que o turismo oferece. A começar pelos meios de hospedagem: Galante não tem pousada, não tem hotel, nem camping. Só nesses três itens são três oportunidades que os moradores daqui estão perdendo, poderiam adaptar suas casas”, detalha Meneses Filho, ao citar dados preliminares da pesquisa.Ele relatou, ainda, a dificuldade de acesso ao distrito. É possível entrar em Galante por três vias, sendo apenas uma asfaltada e não duplicada. Com isso, nos domingos de junho, é possível levar até duas horas para percorrer um trecho de três quilômetros, da rodovia a Galante.Segundo o pesquisador, faltam ainda banheiros. “Um dos moradores tomou a iniciativa de cobrar R$ 0,50 pelo uso e faturou ontem R$ 120”, relata. A oferta de artesanato e  de alimentos e bebidas de qualidade também é insuficiente. Além disso, a barragem de mais de 20 mil metros cúbicos não é aproveitada para turismo.“Do jeito que está, a tendência dessa festa é declinar, porque as coisas boas não são divulgadas. Mas cerveja quente e duas horas presas num engarrafamento chamam mais atenção, e o turista acaba não voltando”, constata.A própria divulgação de Galante não é feita pelo distrito, mas por Campina Grande, o que faz com que as divisas não gerem desenvolvimento local. Para reverter essa situação, o pesquisador espera que sua pesquisa resulte na criação de uma agência de desenvolvimento da localidade. Para mensurar números, ele colocou uma equipe de sete entrevistadores nas ruas, neste período.“Imagine 2,7 mil carros estacionados pagando R$ 5, cada um. Só aí, entram mais de R$ 10 mil para os guardadores de carros. Cada catador de lixo fatura, num final de semana, mais de R$ 100 com latinhas de alumínio. Estamos buscando agora quantificar, efetivamente, quanto fica para Galante. Só duas barracas aceitam cartão de crédito. Se mais delas aceitassem, o turista ainda ia poder consumir muito mais e melhor”, sugere.