Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus – O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Sul de Lábrea, município no sul do Amazonas, Valdivino Pereira da Cruz, denunciou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e à Polícia Civil o assassinato do agricultor e sindicalista Gedeão Rodrigues da Silva. Ele foi morto há uma semana, dia 27 de fevereiro, supostamente a mando de grileiros. "O assassino, o Zé do Boné, falou que há outras seis pessoas do sindicato na lista dele", contou Cruz hoje (6) à Radiobrás .
No dia 17 de junho de 2005, a Agência Brasil publicou uma reportagem em que Cruz revelou estar sob ameaça de morte. A matéria relatava que, no sul de Lábrea, foi criado em abril o único acampamento de sem-terra do estado, onde viviam 150 famílias. No mês anterior, dia 17 de maio, seis pistoleiros encapuzados tinham invadido o acampamento dando tiros e queimado motos e barracos dos posseiros.
De acordo com Cruz, o suposto assassino, conhecido apenas como "Zé do Boné", trabalha na fazenda de Waldeir Scheneider, que seria irmão de Athanásio Scheneider (fazendeiro que reivindica a propriedade da área ocupada pelos sem-terra). "O Sebastião Alves Moraes, que trabalha com o Zé do Boné, viu o crime. Foi ele quem veio nos contar", revelou Cruz. "O Carlos Pinheiro [agricultor, dono da casa onde Silva foi morto] falou que o Zé do Boné disse que tinha mais seis diretores do sindicato na mira dele."
De acordo com superintendente regional em exercício do Incra, Miguel Ab-Abib, ainda não é possível afirmar se a morte do sindicalista tem a ver com grilagem de terras ou "disputas internas". Ele informou que desde sábado uma equipe do Incra percorre o acampamento, junto com policiais.
A assessoria de comunicação da Delegacia Geral de Polícia do Amazonas confirmou que o delegado regional de Lábrea, capitão da Polícia Militar Claudemir Barbosa dos Santos, está no local, onde não há telefone fixo nem funcionam os telefones móveis. Os assessores não souberam dar mais informações sobre o inquérito.