Itaipu Binacional divulga nota oficial e nega existência de caixa 2

15/01/2006 - 16h56

Brasília - Em nota divulgada neste sábado (14), a diretoria brasileira da Itaipu Binacional se defendeu das acusações de que possui um "megacaixa 2" estimado em US$ 2 bilhões. A denúncia foi publicada pela revista IstoÉ na edição desta semana. A diretoria de Itaipu respondeu que as informações são uma "série de inverdades, leviandades e fantasias".

O texto é baseado no depoimento do economista Laércio Pedrosa, que trabalhou na empresa entre 1982 e 1992. Segundo a matéria, ele era gerente financeiro quando teria recebido ordens de criar uma "conta secreta", que funcionaria como um caixa 2. Quando deixou a usina, de acordo com o relato de Pedrosa, teria passado a trabalhar como consultor de empresas que hoje tentariam cobrar créditos da "conta secreta" de Itaipu.

Para a diretoria da hidrelétrica, as afirmações "são absurdas e inconseqüentes", baseadas em declarações de um "conhecido gângster, estelionatário". Leia a íntegra da nota:

"Na edição desta semana, a revista IstoÉ, sob o título "Estado Paralelo", publica uma série de inverdades, leviandades e fantasias sobre a Itaipu Binacional, baseadas em declarações de conhecido gângster, estelionatário, condenado pela Justiça Federal e com novo inquérito em andamento na Polícia Federal, que recentemente esteve em seu apartamento, em Curitiba, obtendo provas documentais de suas ações criminosas.

Laércio Pedroso é o seu nome. Embora dono de volumoso prontuário, se apresenta como consultor e economista para ludibriar empresários e vender credibilidade a jornalistas incautos. Apesar da sugestão de Itaipu à IstoÉ de que abriria todos seus arquivos e operações, a revista preferiu não checar as mentiras assacadas pelo notório Pedroso.

Em respeito à sua história, aos seus funcionários e a opinião pública, a Itaipu Binacional esclarece:

1 – Todas as suas atividades sofrem permanente Auditorias Internas e Auditoria Externa, de acordo com o que determina o Tratado de Itaipu mantido pelo Brasil e Paraguai. Itaipu, além disso, está instalando o SAP, o mais moderno sistema de controle econômico-financeiro existente e segue os ditames da Lei norte-americana Sarbane Huxley

2 – São absurdas e inconseqüentes as afirmações da "fonte" da IstoÉ de que Itaipu se utiliza de um documento chamado "Nota de Débito", tem como moeda uma tal de "Unidade de Correção Monetária" ou mantenha como documento contábil "Crédito de Contas a Pagar". Isso não existe;

3 – Os fornecedores de Itaipu são obrigados a emitir Notas Fiscais, conforme a legislação brasileira e paraguaia. Não há "Listagem de Registros Eliminados do Arquivo Principal", "Bloqueados nos Relatórios" ou múltiplos "Códigos de Correntistas";

4 – Mais de 300 funcionários brasileiros e paraguaios tem acesso a todas as movimentações financeiras, além da Eletrobrás, Ministério de Minas e Energia e Tesouro Nacional, que são testemunhas da fantasia de Laércio Pedroso, argumentando a existência de uma conta secreta em Itaipu.

5 – O orçamento anual de Itaipu é de cerca de US$ 2 bilhões e 500 milhões de dólares. Desse total, sobra para custeio e investimentos apenas 11%, divididos em partes iguais às administrações brasileira e paraguaia. O restante sequer passa por Itaipu, indo direto ao Tesouro Nacional para pagamento da dívida com a construção da Usina e dos royalties aos governos e municípios do Brasil e Paraguai.

6 – Compreende-se que nos embates políticos se busque atingir os adversários, mas o deputado Luis Carlos Hauly (PSDB) afirmar existir Caixa 2 em Itaipu baseado nas fantasias de Laércio Pedroso, extrapola o bom senso, visto que é um especialista em tributação e orçamento. Aliás, a Itaipu enviou toda a sua documentação econômico-financeira ao deputado Hauly que não pode alegar desconhecimento dessas atividades da binacional. Ao contrário. Não existe megacaixa de 2 bilhões de dólares.

7 – A questão da fiscalização de Itaipu pelo TCU foi decidida pelo colegiado deste órgão, que se julgou sem competência legal para fiscalizar a binacional;

Enfim, a Itaipu Binacional lamenta que uma revista até aqui respeitada como a IstoÉ tenha se utilizado como fonte um criminoso para assacar uma coleção de invencionices, aleivosias e mentiras. O descrédito da matéria publicada poderia ter sido evitado, caso tivesse checado devidamente as desinformações formuladas por um fora da lei, inclusive na Polícia Federal, possuidora do histórico de suas atividades ilegais.

Foz do Iguaçu, 14 de janeiro de 2006
Diretoria brasileira da Itaipu Binacional"