Na posse do presidente do PSB, Lula comenta São Francisco, política externa e verticalização

07/12/2005 - 23h05

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender hoje (7) a importância da revitalização e da transposição das águas do Rio São Francisco. Segundo ele, levar água a cerca de 12 milhões de brasileiros que sofrem com os efeitos da estiagem e dependem de caminhão-pipa para sobreviverem é uma necessidade urgente. Lula, ao discursar, também criticou os políticos que são contra o projeto do atual governo.

"Muitos criticam por interesses políticos porque o dado concreto é que se tivessem tido a preocupação com o Rio há vinte ou trinta anos atrás, não tinham permitido transformar todo o cerrado em carvão, e que as cidades jogassem esgoto no rio", disse, ao participar nesta noite, da posse do novo presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, no Hotel Nacional.

O presidente afirmou que o projeto de revitalização e transposição do Velho Chico, elaborado pelo governo em parceria com a sociedade, está bem elaborado, mas que mesmo assim o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, junto com a sua equipe, está disposto a continuar o diálogo com todos os setores da sociedade.

Em seu discurso, que durou quase uma hora, Lula também falou dos avanços alcançados por seu governo no sentido de promover a integração da América do Sul. "Resolvemos transformar, em nosso governo, a política de integração teórica em uma política de integração prática, fazendo com que o Brasil cumpra o papel de maior economia da América do Sul. E fazer esta integração, sem querer a hegemonia dessa relação, é um desafio que precisa muita humildade na relação com as pessoas", disse. E anunciou que em breve a Venezuela e o México farão parte do Mercosul, uma outra conquista que também pode ser atribuída ao Brasil, destacou. "Juntos, poderemos fazer muito mais coisas nas nossas relações internacionais."

O presidente afirmou, ainda, que reeleição e verticalização de coligações não são suas "paixões". No dizer de Lula, o apoio político só deve acontecer se eleitoralmente for interessante para os partidos políticos, pois, segundo ele, a história mostra que nem sempre é possível conseguir apoio e ganhar as eleições por conta da verticalização (medida que obriga que os partidos a seguirem nos estados as alianças firmadas no nível nacional). A possibilidade de pôr fim à verticalização está sendo debatida na Câmara dos Deputados por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 548/02, do Senado.