Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Homens, jovens, com ensino médio completo e salário de até três salários mínimos ocuparam a grande maioria dos 827 mil empregos gerados em todos os setores da economia, até maio deste ano, e as contratações se concentraram em áreas operacionais. A análise foi feita pela Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
O detalhamento do perfil dos trabalhadores absorvidos pelo mercado formal mostra que 70% são do sexo masculino, 60% têm idade entre 15 e 24 anos, 40% concluíram o segundo grau e 9% têm curso superior completo. Apesar da escolaridade considerada acima da média, a remuneração é baixa, de acordo com o economista Alexandre de Freitas Barbosa, assessor econômico da Secretaria. Isso mostra que as contratações concentram-se em áreas operacionais. "Pelo nível salarial, percebe-se que são trabalhadores que não estão em atividades estratégicas das empresas, tanto no setor público quanto no privado", avalia.
Barbosa explica que até 1998 havia uma certa exclusão do jovem do mercado de trabalho, o que acabou criando uma massa de trabalhadores jovens e desempregados, com escolaridade acima da média e dispostos a receber salários mais baixos. Na prática, isso pode sinalizar um processo de exclusão e segmentação do emprego, no qual não têm vez trabalhadores com mais idade ou com menor qualificação."Percebo pessoas qualificadas para postos de trabalho com baixa qualificação. Isto faz com que algumas pessoas acabem tendo dificuldade de ingressar no mercado de trabalho", conclui Barbosa.
Ele acredita, no entanto, que o perfil dos novos empregos tende a mudar. "A partir do momento em que a economia começar a crescer de forma mais sustentada e expandir seu nível de investimentos, você vai precisar de pessoas nas áreas financeira, de gestão, de marketing, recursos humanos. Isto tende a gerar empregos com qualificação e maiores salários".