Andréia Araújo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Por medo de acontecer um acidente doméstico ou de sofrer alguma violência, o comerciante Waldison Serafim resolveu entregar duas espigadas e um rifle, nesta quinta-feira, na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília. Waldison comprou a primeira arma em 1987 para proteger sua família. Mas com o passar do tempo, o comerciante percebeu que a arma, comprada para proteger, estava se tornando uma ameaça. "Não adianta você ter uma arma para trazer segurança. Você se sente inseguro. Sua filha pode pegar uma arma, sua esposa ou até um visitante e em segundos pode acontecer uma tragédia", declarou.
Waldison garantia que as três armas ficavam guardadas sem munição e "a sete chaves", mas mesmo assim ele não se sentia seguro. Nesta quinta-feira pela manhã, o comerciante pegou uma declaração para transportar o armamento até o Setor Policial Sul, em Brasília. Ao entregar as armas, ficou sabendo que receberia cerca de R$ 500. "Na verdade, o dinheiro não paga o valor da arma, mas eu acho importante entregá-las para a segurança da minha família. Considero este dinheiro um prêmio", disse. O comerciante informou que somente o rifle custo mais ou menos R$ 800. A Polícia Federal pagará valores entre R$ 100 e R$ 300 por cada arma.
Mais de 7 mil armas já foram entregues à Polícia Federal desde a semana passada, quando começou a campanha de desarmamento. Segundo o chefe do Serviço Nacional de Armas, Fernando Sergóvia, "as pessoas estão se conscientizando que ter uma arma em casa não significa segurança, muito pelo contrário".
Como entregar sua arma
Para quem ter porte de arma, a entrega pode ser feita diretamente às Superintendências da Polícia Federal e órgão militares cadastrados. A entrega também pode ser feita em eventos promovidos por entidades de classe, associações e organizações não-governamentais (ONGs) com a participação dos grupos móveis da Polícia Federal.
Quem não tem porte, deve retirar uma Declaração de Trânsito na Superintendência da Polícia Federal antes de entregar a arma. O documento autoriza o transporte da arma até os locais de coleta. De acordo com chefe do Serviço Nacional de Armas, Fernando Sergóvia, todo o processo de entrega de arma mantém o portador anônimo.