Taxa média de juros das operações de crédito cai em setembro

29/10/2002 - 16h49

Brasília, 29 (Agência Brasil - ABr) - A taxa média de juros das operações de crédito ficou em 43,6%, ao ano, em setembro, 2,7 pontos percentuais abaixo do valor apurado no mês anterior. Esse resultado, de acordo com relatório do Banco Central, divulgado, hoje, foi influenciado pelas operações pós-fixadas, tendo em vista a perspectiva de apreciação do real frente ao dólar, principalmente, no curto prazo.

O chefe do Departamento Econômico do Banco, Altamir Lopes, informou que a partir de setembro, foram consolidadas as informações sobre as taxas de juros cobradas nas operações de crédito, que passaram a incluir, além da taxa prefixada, a pós-fixada e a flutuante.

O representante do Banco Central observou que a taxa de juros para empréstimos vem caindo já há algum tempo, refletindo a redução de custo das instituições financeiras com expectativa de juro futuro (custo de captação) e de apreciação do câmbio. Ele avalia que vai continuar a redução dessa taxa, em função da apreciação do real, mesmo com a elevação da taxa Selic, que passou para 21%, ao ano.

Altamir Lopes destacou também a queda da inadimplência, nas operações de crédito, que atingiu 7,9% da carteira, em setembro, menor valor desde novembro de 2001, mantendo a tendência de baixa registrada desde junho. Segundo o relatório, a adoção de critérios mais rigorosos nas concessões de crédito possibilitou a gradual redução dos empréstimos em atraso. Em setembro, o recuo de 0,3 ponto percentual da inadimplência concentrou-se nas empresas, cujo valor caiu 0,2 ponto percentual, alcançando 4,1%. Nos créditos para pessoas físicas, o percentual de atraso manteve-se em 15%.

O documento do Banco Central informa que o volume de crédito concedido às empresas somou R$ 141,4 bilhões, em setembro, com crescimento de 7,1%, no mês, e 13,9%, no ano, refletindo o desempenho das modalidades vinculadas a recursos externos, que tiveram aumento de 10,1% devido, principalmente, à correção cambial de 28,9% ocorrida no mês. O estoque dos créditos com recursos internos cresceu 5,5%, em setembro, atingindo R$ 89,7 bilhões.

O montante de empréstimos contratados pelas pessoas físicas alcançou R$ 77,3 bilhões, em setembro, com aumento de 1,5%, no mês, enquanto o fluxo acumulado, no ano, cresceu 1,3%. De acordo com o relatório do Banco Central, o pequeno incremento nesse segmento "refletiu a cautela das famílias, face à deterioração das expectativas".

O cliente do cheque especial pagou mais 0,3 ponto percentual de juros médios, em setembro. A taxa, no período, ficou em 158,4%, ao ano. Foram registradas quedas no trimestre, de 0,4 ponto percentual, no ano, de 1,8 ponto percentual, e em doze meses, de 1,5 ponto percentual.

A taxa média de juros do crédito pessoal subiu 1,7 ponto percentual, em setembro, ficando em 85,4%, ao ano. Também ocorreu elevação de 4,6 pontos percentuais, no trimestre, e de 1,2 ponto percentual, no ano. Em doze meses, a taxa foi reduzida em 0,8 ponto percentual. No financiamento de veículos, a taxa média de juros ficou em 47,4%, em setembro, com queda de 2,6 pontos percentuais, com relação a agosto. Foram registrados crescimentos de 4,7 pontos percentuais, no trimestre, de 9,2 pontos percentuais, no ano, e de 3,1 pontos percentuais, em doze meses.

O spread bancário das operações de crédito, definido pela diferença entre a taxa média de aplicação e o custo médio de captação dos recursos, recuou 1,3 ponto percentual, em setembro, situando-se em 30,1%, ao ano. A taxa cobrada das empresas caiu 1,8 ponto percentual, no mês, ficando em 15,4%, ao ano. Já as pessoas físicas pagaram mais 0,1 ponto percentual de spread, no mês, chegando a 50,6%, ao ano.

O documento do Banco Central informa ainda que o total de empréstimos do sistema financeiro registrou crescimento de 6%, no mês, e de 12,9%, no ano, com o saldo atingindo R$ 375,3 bilhões, em setembro. Com esse resultado, a relação das operações de crédito com o Produto Interno Bruto (PIB) ficou em 27,5% contra 26,2%, em agosto.

Em setembro, o setor privado ficou com R$ 364,4 bilhões do volume de crédito, com expansão, no período, de 6,1%, explicada pelos efeitos da correção cambial sobre os contratos em moeda estrangeira e pelo aumento dos financiamentos de repasses oficiais. O total de financiamentos contratados pelo setor público somou R$ 10,9 bilhões, com expansão de 5,2%, no mês.

O saldo das operações do sistema financeiro privado aumentou 5%, no mês, enquanto o estoque de crédito dos bancos oficiais elevou-se em 7,9%. Nos dois segmentos destacam-se os empréstimos efetuados aos setores industrial (R$119,6 bilhões), de comércio e serviços (R$ 67,5 bilhões) e rural (R$ 29,4 bilhões).