Greve dos servidores federais traz perdas de US$ 12 milhões diários ao comércio exterior, segundo empresários

14/08/2012 - 16h57

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A greve dos servidores federais  ligados ao comércio exterior – Ministério da Agricultura, Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - traz consequências graves para o país, entre essas, prejuízos diários de US$ 12 milhões, disse à Agência Brasil o presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. A paralisação também pode acarretar perda de contrato para exportadores brasileiros.

O prejuízo é resultado dos cerca de 150 navios que estão parados nos portos, aguardando liberação para carregar ou descarregar mercadorias e, por isso, gerando perda financeira para exportadores e importadores. Segundo Castro, o custo de US$ 12 milhões é relativo somente ao pagamento de armazenagem, considerando-se o custo médio de US$ 40 mil por navio parado.

O dirigente da AEB disse que as estatísticas de comércio exterior estão deturpadas. “A importação está muito baixa, claramente em consequência da greve. Os produtos vêm para o Brasil, mas demoram a ser registrados como importação. Enquanto isso, as empresas estão pagando armazenagem por essas mercadorias que estão no porto, paradas. Isso tem um custo adicional para as empresas”.

Na exportação, o presidente da AEB avaliou que o atraso no embarque pode ocasionar multa ou até mesmo cancelamento do contrato por atraso na entrega da mercadoria. Além disso,  na exportação, quando se utiliza carta de crédito, ela tem um prazo de validade. “Se eu não consigo embarcar  dentro daquele  prazo, ela [empresa] perde a garantia. Ou seja, deixa de ter garantia de pagamento e o importador vai pagar, se quiser pagar”, ressaltou.

Outro fator negativo que a greve traz é para a imagem do Brasil. Segundo observou Castro, as greves no país têm sido, ultimamente,  muito frequentes e longas. “Isso cria uma imagem muito negativa”. Destacou que somente a paralisação dos funcionários da Receita Federal completou 57 dias. “É como se eu estivesse parando a economia. Se nós considerarmos que a Receita é o coração do país, nós estamos com um problema de coração muito sério”.

De acordo com a AEB, as greves da Receita Federal, Anvisa e Ministério da Agricultura foram iniciadas, respectivamente, nos dias 18 de junho, 9 de julho e 6 de agosto deste ano.

O cenário se torna ainda pior em um momento de crise internacional, indicou. Castro salientou que, enquanto o mundo procura gerar atividade econômica, as greves retardam esse processo. Uma greve de curta duração é enfrentada, de modo geral, pelo estoque de segurança que as empresas possuem. Advertiu, entretanto, que à medida que as greves vão se tornando longas,  as empresas deixam de ter esse estoque de segurança.

“O que vai acontecer, e já está ocorrendo na Zona Franca de Manaus, é que as empresas começam a parar a produção. Isso tem um impacto negativo porque pode até chegar a ponto de as empresas começarem a demitir, uma vez que não têm produção. É um caso extremo, mas, claramente, cria uma imagem negativa  para o país e eleva os custos no mercado interno”, explicou Castro.

A solução, apontou o presidente da AEB, é aumentar  a atividade econômica e reduzir os custos para exportadores e importadores. “Como o mundo está em crise, qualquer obstáculo aumenta o grau de dificuldade para o comércio exterior”.  A AEB é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que representa o segmento empresarial de exportação e importação de mercadorias e serviços, bem como as atividades correlatas e afins.

Edição: Davi Oliveira