Polo de moda de Petrópolis começa a retomar ritmo de vendas após chuvas de janeiro

19/02/2011 - 12h38

Alana Gandra
Enviada Especial

Petrópolis (RJ) - A tragédia das chuvas de janeiro, que devastou a região serrana fluminense, reduziu entre 80% e 90% o fluxo de clientes e, em consequência, atingiu as vendas das pequenas confecções do Polo de Moda de Petrópolis. O presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção do município, Addison Meneses, disse, porém, que começa a ser sentida uma pequena reação do fluxo de compradores, confirmada pelo presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Petrópolis (Sicomércio), Marcelo Fiorini. “O movimento está voltando devagar”, afirmou Fiorini.  

A expectativa é que, depois do carnaval, com o início dos lançamentos para o inverno, seja retomada a normalidade. Meneses afirmou que as pessoas não souberam dimensionar a tragédia em Petrópolis, e acabaram achando que todo o município foi afetado, o que, na verdade, não ocorreu. “A tragédia foi localizada em um bairro relativamente distante. Na cidade, continuou tudo normal. Não foi afetada a parte do comércio e de serviços, em geral, como ocorreu em Nova Friburgo, onde a tragédia foi maior, no centro da cidade.”

Fiorini informou que, em março, o sindicato lançará uma campanha para mostrar a dimensão exata do que aconteceu. “Para que as pessoas saibam que Petrópolis está de pé, que os polos de moda estão funcionando e que elas podem vir aqui.”

A maior parte da indústria de confecções de Petrópolis trabalha para as mil lojas situadas na Rua Teresa, referência do setor de moda local e responsável por cerca de 14% do Produto Interno Bruto (PIB) do município. A maioria das 700 confecções locais é de micro e pequeno porte e tem de 30 a 40 funcionários, cada uma. “Como o fluxo de clientes cessou de repente, isso afeta a indústria", disse Meneses.

Nem o período de promoções antecipadas de fim de verão, no início deste mês, surtiu o efeito desejado, e a alternativa dos pequenos empresários para fugir da retração econômica foi participar de feiras em outros estados e reforçar o atendimento a clientes fora do município, afirmou Fiorini.  

Considerando toda a cadeia da moda, são 40 mil empregados, dos quais 30 mil com carteira assinada, informou Meneses. “Isso porque existem muitas confecções pequenas, de pessoas que trabalham em casa, numa atividade mais informal, que também é importante na cidade.”

De acordo com Fiorini, a tragédia não afetou apenas as vendas na Rua Teresa, mas todo o setor de comércio e serviços de Petrópolis, incluindo os ramos gastronômico, hoteleiro, turístico e de cultura, com a visitação a museus e monumentos históricos. “Quando se reduz drasticamente tudo, isso, obviamente, repercute na cidade toda. A queda do comércio local não é tão acentuada como a dos polos de moda, mas se ressente também.”

Fiorini destacou que, aos 40 mil trabalhadores do setor da moda, somam-se mais 10 mil a 15 mil funcionários da hotelaria e dos restaurantes. “É um número expressivo. Quase um terço da população ativa [de Petrópolis] é diretamente ligado a esses setores, que foram os mais afetados pela falta de informação.” 

De acordo com Fiorini, notícias imprecisas sobre a tragédia afastaram também as excursões de sacoleiras de cidades localizadas no entorno da BR-040 (Baixada Fluminense, Grande Rio e Minas Gerais), que costumavam ir à Rua Teresa comprar mercadorias para revenda futura. “Caiu radicalmente o movimento no primeiro momento. Agora ensaiam uma volta, devagar.”

Fiorini informou que, antes da tragédia, as vendas feitas mensalmente por loja na Rua Teresa eram em média de R$ 60 mil a R$ 80 mil. A recuperação do fluxo de compradores não é, porém, um trabalho que se faz da noite para o dia. “As lojas estão ligando para os clientes, dizendo que podem vir, que não tem nenhum risco.”

Ainda não houve demissões no setor de moda, mas a possibilidade está sendo avaliada, disse Fiorini. “Se a situação não se reverter rápido, pode haver demissões em escala preocupante.”

Edição: Nádia Franco