Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O juiz da 39ª Vara Criminal do Rio de Janeiro marcou para o dia 18 de julho, às 13h10, a primeira audiência de instrução e julgamento dos acusados de ter responsabilidade no acidente de agosto de 2011, quando o bondinho de Santa Teresa descarrilou e tombou em uma curva, deixando seis mortos e 50 feridos. A circulação do bondinho está suspensa desde então.
Os funcionários da Companhia Estadual de Engenharia de Transporte e Logística (Central) Gilmar Silvério de Castro (motorneiro), José Valladão Duarte (coordenador de manutenção e operação), Cláudio Luiz Lopes do Nascimento (chefe de manutenção da garagem), Zenivaldo Rosa Corrêa e João Lopes da Silva (assistentes de manutenção dos Bondinhos de Santa Teresa) foram acusados pelo Ministério Público por homicídio simples e lesão corporal simples. Na primeira audiência devem ser ouvidas dez vítimas do acidente.
Para o diretor-secretário da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Álvaro Braga, os verdadeiros culpados não estão sendo julgados. “É a raia miúda, são pessoas que não tinham o poder para intervir em nada. Os grandes culpados, os verdadeiros não são objeto, não se tornaram réus. Isso cabe à Justiça determinar, nós presumimos que os funcionários não são culpados. Nós fomos solidários a eles, que são a parte fraca dessa história, é onde a corda arrebenta. Essas pessoas foram jogadas aos leões pelos seus superiores”.
Apesar da promessa de apresentação do modelo novo do bondinho em fevereiro, nenhum protótipo foi mostrado até momento. Braga lembra que a Amast defende que o antigo bonde seja adaptado para ter mais segurança e não substituído por um modelo “para turista”.
“Nada mais passe livre do que o bondinho de Santa Teresa. Ele é público, não foi concedido, foi mal gerido, mas é nosso, ele foi sabotado pelos seus gestores que queriam privatizá-lo. Ele era 60 centavos, é ecológico, elétrico, popular e não tem catracas. É um símbolo da luta do povo carioca por um sistema de transporte de passageiros digno”.
Os moradores de Santa Teresa vão começar amanhã (6) uma mobilização com panelaços diários, às 20h, para lembrar dos mortos no acidente. No próximo sábado (13) uma passeata vai sair do Largo do Machado até o Palácio Guanabara, na zona sul do Rio, para entregar um dossiê na sede do governo. Eles pedem uma audiência pública para explicar o projeto para o novo bonde e a garantia de que o projeto vai respeitar o abaixo-assinado “O bonde que queremos”, além da regulamentação da área de proteção ambiental (APA) de Santa Teresa. A página do evento no Facebook tem mais de 1.400 pessoas confirmadas.
Edição: Fábio Massalli
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