Moradores da Favela do Moinho se reúnem no dia 11 com secretário de Habitação de São Paulo

05/07/2013 - 21h21

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Após uma manifestação em frente à Prefeitura Municipal de São Paulo, no Viaduto do Chá, no centro da capital, os moradores da Favela do Moinho conseguiram se reunir na noite de hoje (5) com o secretário municipal de Habitação, José Floriano de Azevedo Marques Neto, e agendaram uma nova reunião com ele para a próxima quinta-feira (11), na Favela do Moinho. O horário da reunião ainda não foi revelado.

A Favela do Moinho, que está localizada embaixo do Viaduto Orlando Murgel e ao lado de uma linha férrea, foi atingida por dois grandes incêndios nos anos 2011 e 2012. Segundo os moradores, cerca de 400 famílias ainda vivem no local. No ano passado, durante a campanha eleitoral, o atual prefeito Fernando Haddad visitou o local e prometeu aos moradores que iria “trabalhar muito para regularizar a situação do terreno”.

“Eles não deram horário definitivo [para a reunião], mas a gente já teve um bom avanço que foi conversar e eles vão colocar água para a gente e melhorar [o local], fazendo uma canalização dos esgotos”, disse Alessandra Moja Cunha, uma das líderes comunitárias que participaram da reunião. Procuradas pela Agência Brasil, tanto a prefeitura municipal quanto a secretaria de Habitação confirmaram que o secretário se reuniu com um grupo de dez moradores da comunidade e propôs uma nova reunião para a próxima quinta-feira. Os manifestantes disseram que, caso o acordo não seja cumprido, haverá um novo protesto na próxima sexta-feira. “Queremos moradias, mas melhorando [as condições] lá, já dá para parecer uma moradia melhor”, disse ela.

A reunião, no entanto, não satisfez o coordenador-geral da comunidade, Humberto José Marques Rocha. “Não [ficamos satisfeitos com a reunião de hoje]. Queremos a presença dele [secretário] e do Haddad [o prefeito Fernando Haddad] lá”, disse.

Na tarde de hoje, os manifestantes saíram do Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, na região da Barra Funda, e seguiram em caminhada pela Avenida Rio Branco, passando pelo Largo do Paissandu e Viaduto do Chá, com destino à prefeitura municipal. A caminhada teve início por volta das 16h de hoje e o grupo chegou à prefeitura por volta das 17h30, quando receberam a notícia de que um grupo dos manifestantes iria se reunir com o secretário.

A reunião com o secretário durou cerca de uma hora. Enquanto subiam para a reunião na sede da prefeitura, o restante dos moradores ficou do lado de fora cantando, gritando e projetando no prédio da prefeitura vídeos dos moradores e da campanha eleitoral em que Haddad prometia que iria regularizar a situação dos moradores.

Os moradores apresentaram ao secretário uma lista de reivindicações, em que pediram regularização fundiária do terreno; urbanização da comunidade; água, luz, esgoto e coleta de lixo no local e equipamentos de combate a incêndio, entre outros.
 
“A gente não quer Bolsa Aluguel. Queremos moradias para a gente, de preferência por aqui mesmo”, disse Sandra Regina, mãe de Alessandra, que vive há 17 anos no local. “Queremos morar no centro. Dezoito anos é uma história. Temos uma história no centro. Queremos o terreno para morar. Aqui no centro temos escola, creche, mercado, hospital e tudo perto. Temos tudo ao redor”.

Maria Cristina dos Santos, que mora no local há nove anos com seus quatro filhos, se emociona ao falar que tem medo de ser expulsa. “Temos medo de eles colocarem a gente para fora sem direito a nada”, falou à Agência Brasil. Maria Cristina diz que recusou a Bolsa Aluguel porque, segundo ela, não dá para viver no centro de São Paulo com o valor que é pago, de cerca de R$ 450, que foi oferecida pela prefeitura a alguns moradores para que deixassem de viver lá.

Por meio de nota, a Secretaria de Habitação informou que o processo de desocupação da Favela do Moinho teve início em 2012, logo após o incêndio que atingiu o local. Na época, 810 famílias foram cadastradas. Desse total, 50% recebem o auxílio-moradia e aguardam as unidades definitivas. Segundo a secretaria, não há ainda nada definido sobre o destino do local, cuja área pertence à União e é “100% cercada por trilhos, operados pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)”.

Edição: Fábio Massalli

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