Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator do Projeto de Resolução 1/2013, que unifica as alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse hoje (11) que, em busca de consenso, vê com simpatia a proposta para criação de uma alíquota interestadual diferenciada de 7% para os produtos que são industrializados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
De acordo com a proposta em negociação, os demais produtos seriam taxados com a alíquota de 4%, prevista inicialmente para unificar todas as operações interestaduais. As negociações estão dividindo os estados. Delcídio confirmou que pretende apresentar no próximo dia 16 o relatório final da proposta na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
“Vejo com simpatia esse sete [7%] Mas o valor deve ser carimbado para o setor industrial. Acho que é um avanço para a gente chegar a um acordo na votação do ICMS”, disse o relator, ao deixar o Ministério da Fazenda, após encontro com o secretário executivo da pasta, Nelson Barbosa.
A proposta inicial do governo federal é reduzir, com prazos diferenciados, o ICMS até ter uma alíquota unificada com o objetivo de acabar com a guerra fiscal, prática em que as unidades da Federação usam a desoneração do ICMS para atrair empresas e promover o desenvolvimento econômico. No entanto, estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste dizem que seriam bastante prejudicados pela medida, por serem menos desenvolvidos do que os das regiões Sul e Sudeste.
Cobrado quando uma mercadoria é transportada de um estado para outro, o ICMS interestadual atualmente é 12% para os estados menos desenvolvidos e 7% para os estados de maior renda. A proposta do governo prevê a unificação da alíquota em 4% no prazo de 12 anos.
O ICMS interestadual, cobrado quando uma mercadoria passa de um estado para outro, incide da seguinte forma: o estado produtor fica com 12% ou 7% do valor do item, e o estado consumidor, com o que falta para completar a alíquota total do ICMS. Dessa forma, se uma mercadoria paga 18% de ICMS no estado de destino, o estado produtor fica com 12% ou 7%. O estado consumidor detém os 6% ou 11% restantes.
O senador lembrou que sempre defendeu a unificação em 4%, mas destacou a importância do dialogo para um acordo. Para ele, a pauta é a mais importante da agenda legislativa em 2013. “Acho que a gente está tão perto de um acordo e não podemos perder esta oportunidade. Do meu ponto de vista, atende a boa parte dos estados, em prevalecendo a questão dos sete por quatro [alíquotas de 7% e 4%]”, destacou.
A proposta de alíquota de 7% para os produtos industrializados nas três regiões voltou a ser tratado com o secretário Nelson Barbosa, mas o senador não quis antecipar qualquer resultado, mesmo porque, informou, não existe ainda uma posição fechada sobre o assunto. “Sou um sul-mato-grossense cuidadoso. Meu bisavô era mineiro. Então, eu levo as coisas com muito cuidado”, brincou o senador.
Sobre a necessidade de alterações no cronograma de redução do ICMS, Delcídio Amaral informou que o assunto será discutido ainda com o governo, assim como a necessidade de ajustes no Fundo de Desenvolvimento Regional. “Estou muito contido e muito econômico nas avaliações, mas quero dizer que, nestas últimas semanas, as negociações avançaram muito”.
Edição: Davi Oliveira
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil
Nelson Barbosa defende consenso para garantir segurança jurídica à unificação do ICMS
Alíquota unificada do ICMS pode prejudicar estados menos desenvolvidos, dizem secretários
Estados divergem sobre MP que unifica alíquota do ICMS
MP que compensa estados por unificação do ICMS é prorrogada por ato do Congresso
Unificação do ICMS será votada por comissão do Senado somente em abril