Thaís Antonio
Repórter do Radiojornalismo da EBC
Brasília – Flores? Bombons? Felicitações? Não é que não gostem, mas o dia 8 de março, para muitas mulheres, é também um dia de debates e reflexões. Um dia de luta, já que nasceu do protagonismo de operárias nos séculos passados. A origem exata da data é controversa, mas muitos estudiosos apontam como principais marcos da luta feminista o incêndio de 8 de março de 1957 em Nova York, em que morreram mulheres ao protestar por melhores condições de trabalho, e manifestações ocorridas na Europa em 1911, quando a data foi comemorada pela primeira vez.
“No dia 8 de março, em 1857, e em1911, houve mulheres reivindicando seus direitos, e a reposta patriarcal a elas foi a morte", lembra a pesquisadora aposentada pela Universidade de Brasília (UnB) Tânia Swain. "Hoje temos esse dia como uma maneira de celebrar a luta e repensar a reposta que foi dada a essa luta”, ressalta Tânia, que considera a data esvaziada. “Ela foi devorada pelo capitalismo patriarcal e transformada em uma celebração do consumismo.”
Mesmo sendo celebrada desde 1911, só há 38 anos, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU). A socióloga e pesquisadora de gênero Miryam Mastrella, conta um pouco do que ela representa. “Em 1975, a ONU instituiu o dia 8 como um marco para a gente olhar para trás e ver tudo o que foi conquistado, os direitos, as revoluções que ajudaram as mulheres a ter mais espaço, seja na política ou no âmbito público.” Para a socióloga, é um dia de relembrar as lutas do passado e assumir os desafios da atualidade. "Um dia para mirar nos desafios e nas coisas que ainda estão falhas, nas conquistas que ainda hão de vir, nas desconstruções de papéis sociais que a gente precisa fazer e de chamar também os homens para essa discussão.”
Para Miryam Mastrella, os presentes associados à data, como bombons e flores, não são um problema, mas devem ser acompanhados de uma reflexão do papel da mulher na sociedade. “Não é só dar os parabéns e dizer que as mulheres são dóceis, reiterando todos os papeis de gênero, todas as performances que estão associadas a elas, como: mulher e maternidade, mulher ser dona de casa, rainha do lar”, detalha. É preciso parar um pouco, ver qual é o significado do 8 de março e o que ainda tem de ser conquistado, acrescenta.
Natacha Anthony é antropóloga e faz parte do coletivo Marcha das Vadias, criado há dois anos em protesto contra a declaração de um policial canadense. Ele disse que as mulheres poderiam evitar estupros se não se vestissem como vadias. Para Natacha, a data de hoje é importante para a conscientização da sociedade. “O dia poderia ser mais bem aproveitado com a realização de manifestações, debates, espaços de reflexão e de conscientização tanto para a mulher quanto para toda a sociedade.”
É por meio dos pedidos dos clientes que a designer gráfica Maíra Zannon percebe que o dia 8 de março ainda é associado a muitos clichês. “As demandas ainda vem com uma série de estereótipos contra os quais lutamos hoje em dia, quando há tanta informação e tanto conhecimento de que a mulher é mais do que um sapato de salto alto, um cartaz rosa ou uma caixa de maquiagem”, diz.
Ganhar bombons e flores ainda é a razão do dia 8 de março para muitas mulheres. A escritora e atriz Patricia Del Rey ressalta que a luta pela igualdade não pode ser esquecida nesta data. “É lógico que a mulher é diferente do homem em muitos aspectos. Mas o direito à cidadania e, o mais importante, o direito à vida, tem que ser igual”, reforça.
“É um dia de luta, mas não queremos reforçar os estereótipos. É importante olhar para a história e entender em que ponto a gente está. Será que realmente vamos conseguir essa igualdade em todos os direitos?” Fica a pergunta da atriz Patricia Del Rey para todas as mulheres e homens. Para garantir uma sociedade mais justa, é importante que o questionamento não seja feito só hoje, completa Patrícia.
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Edição: Nádia Franco
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