Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Há quase 40 anos entrava no ar a primeira emissora FM da capital do país. A proposta da Rádio Nacional FM de Brasília era criar uma alternativa para os moradores da cidade que tinham poucas opções de programação musical e de notícias, todas voltadas para um público específico e em frequência AM.
“Não tinha mais gritaria. Nascia uma rádio sóbria, com muita música instrumental e música popular brasileira. Foi criada uma rádio de elite, como ainda é hoje a Nacional FM. Tínhamos Tânia Mara, Carlos Campbell e outros bons nomes entre os locutores”, contou Ribamar de Moura, o Riba, que hoje coordena a programação musical da emissora.
Segundo ele, a Rádio Nacional FM conseguiu criar um estilo próprio que até hoje não foi reproduzido por outra emissora. “A Nacional FM trouxe outro estilo de música e locução. A emissora mudou as transmissões na cidade e se tornou pioneira”, garantiu. Riba disse ainda que apesar de outras emissoras tentarem seguir os padrões da Nacional FM, “não têm o material físico e humano que a Nacional construiu”.
A programação da emissora, que mantém os padrões desde a criação, reúne jornalismo, com quadros de prestação de serviços e programas sobre vários estilos musicais que vão do jazz ao samba. “A Nacional FM sempre lançou também nomes importantes da música e tem um compromisso com os artistas da cidade”, acrescentou. Há quatro anos, a emissora organiza festivais de música que lançaram no mercado, recentemente, nomes como os das cantoras Ellen Oléria e Dhi Ribeiro.
A descoberta de talentos musicais caracterizou grande parte da trajetória das emissoras da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A Rádio Nacional do Rio de Janeiro, por exemplo, marcou a história do veículo com as radionovelas, os festivais e os programas de auditório, destacando talentos que ainda permanecem na memória dos ouvintes fiéis, como os programas sustentados pela disputa de audiência sob o comando de Emilinha Borba e Marlene, na época de ouro do rádio.
“A Rádio Nacional do Rio de Janeiro continua recolocando as matrizes do rádio em sua programação, com coberturas completas do carnaval, com o samba de raiz, o jornalismo com a cobertura dos principais fatos do estado e, agora, com o reforço das outras emissoras federais que foram integradas à empresa”, disse Taís Ladeira, gerente regional das rádios EBC.
Há quase cinco anos, as emissoras federais do país foram integradas, com a criação da nova empresa de comunicação pública. Entre elas estão a Rádio MEC do Rio de Janeiro e a Rádio MEC AM de Brasília. Atualmente, oito emissoras fazem parte do sistema de rádio da empresa.
A mais recente é a Rádio Nacional do Alto Solimões. A emissora, na verdade, é resultado de uma reivindicação da população da região que tinha apenas acesso a transmissões da Colômbia e do Peru, com músicas e notícias em espanhol. “Eles queriam notícias do nosso país e ouvir músicas em português. A emissora tem uma programação que contempla temas como a educação, a valorização cultural e programas produzidos localmente, envolvendo as nove cidades da região”, acrescentou Taís.
Segundo ela, além da prestação de serviços, a emissora, que tem apenas seis anos, representa uma “companhia” para os moradores do Alto Solimões. As sete etnias indígenas que vivem na região têm programas específicos sobre seus idiomas e culturas. A mesma função social do rádio tem sido comprovada pelos produtores e comunicadores da Rádio Nacional da Amazônia, há 36 anos.
Na Rádio Nacional AM de Brasília, criada em 1958, os chamados “sucessos do momento” revelaram canções de Roberto Carlos, Jerry Adriani e Amado Batista, entre outros. O estilo mantido até hoje continua intercalando músicas mais populares com a transmissão de notícias locais e nacionais e as transmissões de futebol, que, recentemente, tiveram as equipes e os equipamentos reforçados.
Edição: Graça Adjuto
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