Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Mais de 100 anos após sua invenção, o rádio está mudando principalmente a forma de transmissão, mas continua tendo papel fundamental na sociedade, segundo o professor de jornalismo radiofônico da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Juliano Maurício de Carvalho. “Diferentemente dos demais suportes - vídeo, texto normal ou texto interativo para internet - o rádio é o único suporte, a única linguagem que vai conviver melhor com o indivíduo da mídia contemporânea. Exatamente por essa capacidade de o indivíduo poder ouvir e desenvolver outras atividades” disse Carvalho em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, o perfil do rádio, no entanto, está se adaptando às novas formas de veiculação. “Muda o perfil do suporte, muda a maneira como nós estamos produzindo rádio. Hoje, por exemplo, a audiência que existe para produtos como podcast [recurso para veiculação de áudio na internet] é, na verdade, um dos formatos pelo qual vai ser transmitido o rádio. Porque você continua utilizando a linguagem audiofônica, continua usando elementos próprios dessa produção”, ressaltou o professor, para explicar como essas novas formas de comunicação sonora são continuação do rádio.
Para Carvalho, as mudanças não devem alterar, porém, as vocações do veículo, para torná-lo mais educativo, por exemplo. “Houve sempre a expectativa de que o rádio tem um papel educativo, quando, na verdade, ele nunca cumpre esse papel. Já vem com uma característica de entretenimento ali na década de 1940, que se consolida ao longo das próximas três décadas”, destaca o professor. Ele pondera, entretanto, que a comunicação sonora pode dar suporte à educação com produtos como audiolivros ou mesmo cursos ministrados pelo rádio.
A grande mudança, na avaliação de Carvalho, poderá ser a incorporação cada vez maior do rádio por outros produtores de comunicação, em uma convergência. “A grande mudança é se o rádio vai continuar sendo produzindo por profissionais dentro de uma emissora AM/FM ou se, na verdade, essa linguagem, que é do áudio, vai ser incorporada por outros profissionais, outras redações, outros espaços. Cada vez mais, nós vamos fazer um texto que seja multimídia, ou seja, é transmidiático”, acrescenta.
Edição; Graça Adjuto
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