Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Com a proteção de Yondung Halmoni, a deusa do vento, e a energia dos tambores buk e janggu, a Escola de Samba Inocentes de Belford Roxo iniciou o desfile das seis escolas de samba do Grupo Especial que desfilaram neste domingo de Carnaval no Sambódromo da Avenida Marquês de Sapucaí.
A escola da Baixada Fluminense pisou na passarela do samba exatamente às 21h, horário previsto, trazendo para a avenida o enredo Sete Confluências do Rio Han, que faz uma homenagem às histórias e costumes da Coreia do Sul, do carnavalesco Wagner Gonçalves.
Com as arquibancadas já lotadas e dando prosseguimento à pontualidade do show, o Salgueiro deu início ao seu desfile pouco depois das 22h. O cumprimento dos horários foi uma tônica do carnaval deste ano, mesmo no Grupo de Acesso, que desfilou na sexta-feira e no sábado, cujas escolas ganharam fama pelos atrasos que levaram muitas vezes o desfile do grupo a entrar pela manhã do dia seguinte.
Nas cores vermelho e branco, e trazendo para a passarela o enredo Fama, a primeira das escolas da Grande Tijuca – conjuntos de bairros da zona norte do Rio - a se apresentar na passarela do samba chamou a atenção pela suntuosidade e grandeza dos carros alegóricos e pelo luxo das fantasias.
O casal de carnavalescos da escola, Renato e Márcia Lage, colocou logo na abertura do desfile 21 componentes em cadeiras de rodas dentro de estruturas iluminadas. A comissão de frente - composta por paparazzi - fingia fotografar personagens que estavam em uma grande limusine, divertindo o público também fotografado.
Embora bonitos e luxuosos, o tamanho dos seus sete carros alegóricos deu trabalho aos chamados “puxadores” para entrar na avenida. Uma das alegorias, o carro abre-alas, denominado Grande Angular, trazia uma enorme máquina fotográfica e bonecos imitando seguranças.
Dando prosseguimento ao show de luxo e riqueza, desfilou depois outra escola da Grande Tijuca, desta vez da comunidade do Morro do Borel: a Unidos da Tijuca, atual campeã do Grupo Especial do Carnaval do Rio, passou por alguns contratempos ao longo da apresentação.
Logo na abertura, por volta das 23h10, o carro abre-alas bateu em frente ao Setor 1, antes mesmo dos cronômetros serem zerados, quebrando algumas luminárias. Alguns componentes do carro alegórico da Floresta Encantada passaram mal e foram socorridos por soldados do Corpo de Bombeiros, que garantia a segurança da passarela.
A escola fez um desfile de luxo, beleza e surpresas, marcas registradas do carnavalesco Paulo Barros, que deu um novo rumo ao carnaval do Grupo Especial trazer para a avenida as suas já famosas “alegorias vivas”.
A agremiação homenageou O Ano da Alemanha no Brasil com o enredo Desceu um Raio, É Trovoada! O Deus Thor Pede Passagem para Mostrar nessa Viagem à Alemanha Encantada, a agremiação da Tijuca alegrou o público com carros gigantes, belas fantasias e, sobretudo, muito luxo.
A União da Ilha do Governador foi a quarta escola a desfilar, trazendo um enredo homenageando o nosso “poetinha maior”. Vinicius, no Plural, Paixão, Poesia e Carnaval, foi um enredo em que o carnavalesco Alex de Souza procurou comemorar na avenida o centenário do nascimento de Vinicius de Moraes mostrando a pluralidade de sua vasta obra de poeta, pensador, músico, letrista e escritor.
A festa continuou quando, por volta das 1h20 pisou na passarela do samba a Mocidade Independente de Padre Miguel. A escola da zona oeste do Rio homenageou o rock. Com o enredo Eu Vou de Mocidade com Samba e Rock In Rio – Por um Mundo Melhor, do carnavalesco Alexandre Louzada, a agremiação trouxe para a Marquês de Sapucaí a mistura de pandeiros e guitarras, mostrando um intercâmbio cultural entre samba e rock até então inédita de ritmos no templo do samba.
Com 21 títulos de campeã do carnaval das grandes escolas, a maior vencedora da história das agremiações, a Portela, pisou na passarela do samba para encerrar o desfile do primeiro dia de apresentações do Grupo Especial às 22h25 desta segunda-feira de Carnaval.
Sem conquistar um título desde 84, a escola de Madureira, zona norte do Rio, um dos berços do samba carioca, homenageou Paulinho da Viola. Por meio das canções do compositor, o carnavalesco Paulo Menezes levou para a passarela o quarto centenário de Madureira.
Edição: Davi Oliveira
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil