Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Como já havia acontecido no primeiro dia de apresentação das Escolas de Samba do Grupo de Acesso, na Marquês de Sapucaí, o segundo dia de apresentação da agremiações - quando dez das 19 escolas desfilaram – foi marcado pela pontualidade e pela organização.
Na noite deste sábado, o desfile teve início no horário e trouxe para a passarela a União de Jacarepaguá, que abriu a festa com um enredo homenageando os barões do café e as cidades do vale do Médio Paraíba fluminense.
Com o enredo Dos Barões do Café à Cidade Universitária: Vassouras, Ouro-Verde do Brasil, no qual presta homenagem à cidade de Vassouras, a escola contou a história dos tempos áureos do café, na época do Brasil Império. O carnavalesco Jorge Caribé procurou mostrar ao público as festas da região, com destaque para a Folia de Reis e a festa junina.
Em entrevista à Agência Brasil, Jorge Perlingeiro, diretor da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), e também coordenador de desfiles, exaltava a organização e a pontualidade do desfile, agora também sob a supervisão da Liesa, apesar de ter a sua própria liga -a Lierj -, Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, presidida por Déo Pessoa.
“Organizar o Carnaval do Grupo de Acesso foi uma incumbência que a Liesa assumiu junto ao prefeito Eduardo Paes – coordenar este desfile – mas o número de agremiações ainda é grande, o que torna o desfile cansativo para o público. Mas os horários estão sendo respeitados e eu acredito que, em 2015, quando o número de escolas caírá para 14, o grupo ficará ainda mais forte e se transformará em um grande coquetel de abertura da festa na cidade, que passará a ter quatro dias de Carnaval de qualidade”.
A segundo escola a se apresentar, a Paraíso do Tuiuti, iniciou o seu desfile às 22h05, prestando homenagem ao humorista Chico Anysio. O carnavalesco Cid Carvalho distribuiu a escola em vinte e cinco alas, que contaram a história do cearense de Maranguape. A escola ascendeu ao Grupo de Acesso ao vencer o Carnaval de 2011, no antigo grupo B.
A escola enfrentou problemas já no início do seu desfile: o carro abra-alas – que simboliza a chegada de Chico Anysio ao Céu – teve o motor quebrado e desfilou com a ajuda dos integrantes da escola, que tiveram que empurrar a alegoria por toda a passarela.
A Tradição, uma escola que surgiu de uma cisão de grupos dissidentes da Portela – agremiação do Grupo Especial – foi a terceira escola a desfilar na Sapucaí. Curiosamente, a escola trouxe para a passarela a reedição de um enredo de 1981 da própria Portela: Das Maravilhas do Mar Fez-se O Esplendor de Uma Noite, um samba de David Correa, que veio inclusive ajudando a puxar o desfile.
Quarta escola a se apresentar, já aos 15 minutos deste domingo, a Império Serrano – uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio – pusou a passarela do samba homenageando Caxambu. Com o enredo O Milagre das Águas na Fonte do Samba, a escola cantou a riqueza das águas e das fontes de águas medicinais e fatos ligados à história de Caxambu, como as visitas feitas à cidade pela princesa Isabel e os anos de ouro dos cassinos - que atraíam os ricos e os turistas para o município.
A quinta agremiação a desfilar por volta de 01h20 de hoje (10) foi a Acadêmicos do Cubango, agremiação de Niterói celebrou o talento dos artistas brasileiros, mostrando, por exemplo, os bonecos de Dona Isabel Cunha e Mestre Expedito, os palhaços de resina de Mirtes Rufino, as rendas de Sami Hilal. O enredo foi Teimosias da Imaginação, do carnavalesco Severo Luzardo Filho.
Em seguida veio a Sereno de Campo Grande e o seu enredo de apelo à paz: Na Busca da Paz, Equilíbrio e Harmonia. Bem-Aventurados Sejam Os Que Ouvem A Voz de Deus, idealizado pelo carnavalesco Amarildo de Mello. O desfile procurou contar o milagre da criação e sua relação com os cientistas, o homem e suas ações.
A sétima escola a desfilar foi a Império da Tijuca, também uma agremiação tradicional do carnaval da cidade. Com o enredo Negra Pérola Mulher, o carnavalesco Junior Pernambucano procurou homenagear as mulheres negras – “guerreiras de todas as épocas” - e que hoje brilham nas mais diversas áreas, como o esporte, a música, a dança e a literatura.
A Caprichosos dos Pilares, outra escola tradicional e com passagem pelo Grupo Especial, trouxe para a passarela do samba o Fanatismo: Enigma da Mente Humana, enredo com o qual a agremiação procurou revelar os mistérios da mente da mente e o poder de invenção do homem. Desenvolvido pelo carnavalesco Amauri Santos, a escola de Pilares, zona norte do Rio, pisou na passarela do samba defendo o título conquistado no ano passado, ainda no grupo B.
A Unidos de Padre Miguel foi a penúltima escola a pisar na avenida neste segundo dia de desfile e trouxe para a passarela o enredo O Reencontro entre O Céu e A Terra no Reino de Alafin Oyó. Nele o carnavalesco Edson Pereira procurou prestar “uma grande homenagem” à cultura Afro-brasileira, ao falar sobre a lenda ligada ao mundo dos orixás - especificamente o reino de Xangô.
O desfile do Grupo de Acesso foi encerrado já com o dia amanhecendo com a apresentação da Renascer de Jacarepaguá, décima e última descola a entrar no Sambódromo. A agremiação cantou e contou as belezas e mistérios da Cidade Maravilhosa - o Rio de Janeiro -, trazendo para a passarela o enredo Rio, Uma Viagem Alucinante, desenvolvido por uma “comissão de Carnaval”.
A partir da noite de hoje, na passarela do samba, começa o desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial do Carnaval do Rio. Antes, porém, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, encerra, no Sambódromo, as ações de prevenção e conscientização das DST/Aids no período de Carnaval. Com o tema “A vida é melhor sem aids. Proteja-se. Use sempre a camisinha”, a campanha pretende chamar a atenção para a diferença que faz o uso do preservativo na hora da relação sexual. Além do Rio de Janeiro, o ministro também participa de atividades em São Paulo, Recife, Olinda e Salvador.
Para a campanha do carnaval deste ano, o Ministério da Saúde distribuiu aos estados e municípios cerca de 73 milhões de camisinhas. Ao todo, até o final do ano, serão entregues no país 700 milhões de preservativos. Para o estado do Rio de Janeiro, no período do carnaval, foram distribuidos 3,4 milhões de preservativos, sendo 1,4 milhão para a capital.
Edição: José Romildo
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