Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – “É como um perdedor que ocupo hoje esta tribuna. Venho como alguém a quem a derrota corteja, certeira, transparente, inevitável, aritmética. Sou o titular da perda anunciada do que não acontecerá”. Com essas palavras o senador Pedro Taques (PDT-MT) começou nesta sexta-feira (1º) seu discurso na tribuna do Senado.
Candidato da oposição à presidência da Casa para o biênio 2013/2014, em oposição ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), Taques se apresentou como o anticandidato que veio para “combater o bom combate”, mesmo que a derrota seja certa.
“Quero que a sociedade brasileira observe que as coisas podem ser diferentes, que o passado não precisa necessariamente voltar, que há modos novos e melhores de fazer política, que esta Casa não é um apêndice, um puxadinho do Poder Executivo, mas que estamos aqui também pelo voto direto que nos deu o bom povo de nossos estados”, disse.
O senador pedetista se comparou a Ulysses Guimarães, o anticandidato lançado em 1973 pelo então MDB contra o regime militar, mas desta vez para lutar pela autonomia do Poder Legislativo. “Anticandidato-me à presidência do Senado para combater o mau vezo do Poder Executivo de despejar suas medidas provisórias, ainda que fora de situações de urgência e relevância, em continuado desprestígio de nossas prerrogativas legislativas”, disparou.
Ainda em relação às medidas provisórias, Pedro Taques se comprometeu a combater com rigor os “contrabandos legislativos”, para impedir, segundo ele, “que o oportunismo de alguns acrescente, às já abusivas medidas provisórias, as emendas de interesses duvidosos que nada têm a ver com o objeto original da medida que se supõe urgente e relevante”.
Ao firmar seus compromissos com a Casa, como a descentralização do poder da presidência, distribuição da relatoria dos projetos por sorteio e criação de uma agenda para a votação dos vetos presidenciais acumulados no Congresso Nacional, Taques questionou a conduta do adversário.
“Como farão os vencedores? O que farão aqueles que já venceram antes e nada fizeram? Como esteve o Senado, quando ocupado pelos presumidos vencedores de hoje?”, perguntou.
Pedro Taques disse ainda que existem voltas que criam receios de continuísmo, de letargia, de erros recorrentes. “Sou o anticandidato, o que perderá. Não sou especial. Não tenho qualidades que cada cidadão brasileiro, trabalhador e honesto, não tenha também. A ética que proclamo é aquela que quase todos os brasileiros se orgulham de cultivar. Eu não temo o próprio passado e, portanto, não tenho medo do futuro”, declarou.
Edição: Davi Oliveira
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