Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um mês antes da morte do então presidente da Líbia, Muammar Khadafi, em outubro de 2011, a comunidade internacional, reunida na 66ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos, autorizou a participação do Conselho Nacional de Transição (CNT) nas sessões. Na ocasião, a bandeira da oposição a Khadafi foi hasteada. O Brasil foi um dos países que apoiou a participação da oposição das discussões nas Nações Unidas.
Com 6,5 milhões de habitantes, a Líbia se divide em três grandes regiões, controladas por clãs familiares que estabelecem núcleos próprios de poder, assim como culturas e reivindicações distintas. Para as autoridades líbias, um dos principais desafios é obter o consenso unificando os desejos e as demandas desses clãs.
A Líbia é um país multicultural, como define o embaixador do Brasil em Trípoli (capital líbia), Afonso Carbonar. Criado a partir das colonizações grega, romana e egípcia, o país mescla ainda a cultura dos povos nômades que lá estavam quando chegaram os estrangeiros. Até os dias atuais os resquícios dos séculos anteriores estão presentes no cotidiano dos líbios, que oficialmente falam árabe, mas mantêm numerosos dialetos.
No cotidiano, os líbios misturam um cardápio com características das cozinhas árabe e italiana. Com 84% da população alfabetizada, é comuns andar pelas ruas das grandes cidades e esbarrar com pessoas que falam além do árabe, italiano e inglês. O Conselho Nacional de Transição (CNT), que detém o poder na Líbia, quer criar salas de leituras públicas, um dos apelos da população.
A Líbia é dona da 9ª maior reserva de petróleo do mundo e da 25ª de gás natural. O país também registra um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 100 bilhões (dados de 2008 a 2010). Só com o Brasil há uma carteira de projetos e negócios estimada em US$ 5,8 bilhões. Para o embaixador, esses negócios deverão chegar a US$ 10 bilhões, nos próximos cinco anos.
Porém, em meio a dados positivos da economia, os líbios vivem dificuldades concretas no seu dia a dia. Dependentes da comércio exterior para alimentos e produtos básicos de subsistência, eles sofrem também com as limitações causadas por anos de isolamento e conflitos. Há carência na área de atendimento médico e odontológico, por exemplo.
Edição: José Romildo